10 cervejas nacionais para experimentar antes de morrer

10 cervejas nacionais para experimentar antes de morrer

Há quem diga que é moda, há quem diga que elas vieram para ficar. A verdade é que o mercado de cervejas artesanais no Brasil cresceu muito, no contra–fluxo de uma crise econômica e política que se instaurou no país. Um reflexo de que as pessoas estão procurando mais qualidade, quando se trata de um produto que é uma paixão nacional.

Segundo dados do Sebrae, o Brasil é o terceiro maior mercado de cervejas do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O mercado artesanal, mesmo em franco crescimento, ainda possui uma fatia de apenas 1% do mercado brasileiro. A lista foi organizada por ordem de graduação alcoólica.

Perro Libre — Sorachi Berliner
Região: Porto Alegre/RS
Estilo: Berliner Weisse
Álcool: 3,4%

Sorachi BerlinerAs berliners são cervejas de trigo conhecidas pela sua acidez, provenientes da adição de lactobacilos na cerveja, que produzem o ácido lático. Esse exemplar prima pela leve acidez, baixo teor alcoólico e um cítrico agradável, que vem da adição do lúpulo japonês Sorachi Ace e raspas generosas de limão siciliano. O mestre cervejeiro da Perro Libre, Thiago Galbeno, tem apenas 23 anos e já é um dos destaques do meio cervejeiro nacional.

Morada Cia Etílica — CDB
Região: Curitiba/PR
Estilo: Gose
Álcool: 4,8%

CDB

Gose é um estilo alemão quase extinto, que utiliza água salobra em sua composição — o que a torna levemente salgada. A CDB é uma cerveja muito refrescante, ácida e salgada. Seu nome é inspirado em um drink que se chama “Cu de Burro”, que leva pinga, sal e limão. Diferente do drink, a CDB tem baixo teor alcoólico e vale a experiência.

Cervejaria Lola — Witbier
Região: Goiânia/GO
Estilo: Witbier
Álcool: 4,9%

Lola

Esta é a primeira receita da cervejaria cigana Lola, mas que ganhou rapidamente o gosto dos adoradores do estilo. Uma cerveja extrema, que leva o estilo ao limite, quando se trata de amargor. Ela leva uma carga de três tipos de casca de laranja, além de semente de coentro marroquino. Uma explosão de aroma e sabor, que fica na boca e briga constantemente com o amargor. Uma daquelas que ganham o selo “all day beer”.

JBeer — De Bull
Região: Dobrada/SP
Estilo: American India Pale Ale
Álcool: 6,5%

JBeer De Bull

O estilo é o queridinho do momento, e por isso várias cervejarias têm lançado inúmeros rótulos. A novidade aqui é que algumas cervejarias têm investido em latas para envasar suas cervejas, tentando quebrar um preconceito (brasileiro) de que a lata é prejudicial para o produto. Ledo engano. Para as IPAs, a lata conserva muito mais o sabor dos lúpulos, pois evita sua oxidação. A De Bull é aromática, remetendo a lúpulos cítricos americanos, com aroma de frutas amarelas. Amarga e deliciosa.

Tupiniquim/Evil Twin — Lost in Translation IPA Brett
Região: Porto Algre/RS — Brooklin/NY
Estilo: Sour IPA
Álcool: 6,5

Lost in Translation IPA Brett

Cerveja colaborativa entre a brasileira Tupiniquim e a cervejaria americana cigana Evil Twin. Esta cerveja mistura o que há de melhor em uma India Pale Ale, com notas ácidas de uma Sour. A acidez é proveniente de uma refermentação com leveduras selvagens, as Brettanomyces, que cada vez mais tem ganhado espaço por seu caráter “funky”. Leve, ácida e amarga. Não se assuste, é cerveja para se beber o dia todo debaixo do sol.

Bodebrown — Saison Apricot Tonight
Região: Curitiba/PR
Estilo: Saison/Fruit Beer
Álcool: 7%

Saison Apricot Tonight

O estilo franco–belga se destaca pela simplicidade. Mas não se iluda: existem exemplares extremamente alcoólicos e complexos. Neste caso, a cervejaria curitibana — encabeçada pelo seu mestre cervejeiro Samuel Cavalcanti — adiciona damasco fresco na receita. Aromática e deliciosa, essa cerveja é produzida somente uma vez por ano. Portanto, se por acaso deparar-se com alguma por aí, não perca seu tempo e a deguste. Na nossa degustação, mesmo depois de uma hora de ter esvaziado o copo, ele ainda tinha aroma de damasco.

Dogma — Rizoma
Região: São Paulo/SP
Estilo: Imperial/Double India Pale Ale
Álcool: 8,3%

Dogma Rizoma

A Dogma é uma cervejaria cigana que tem em sua carta uma série de IPAs. Mas, de todas, essa é a melhor, sem sombra de dúvida. Diferentemente de algumas Double IPAs nacionais, que exageram no malte e acabam ficando desequilibradas, a Rizoma é seca e o lúpulo é, com certeza, o protagonista. Lembra um ícone do estilo, a californiana Plinny the Elder, da Russian River. Para os fãs do estilo, uma parada obrigatória.

Baden Baden — Red
Região: Campos do Jordão/SP
Estilo: English Barley Wine
Álcool: 9,2%

Baden Baden Red

Muitos podem criticar a Baden Baden por estar na lista, devido ao fato de ter sido comprada pela Brasil Kirin, grande conglomerado cervejeiro. Verdade seja dita, isso não diminuiu a qualidade desta cerveja. Vendida como uma Imperial Irish Red Ale, ela mais se assemelha a um Barley Wine inglês devido ao seu corpo, carga extrema de malte e alto teor alcoólico. A lenda diz que ela foi um erro de produção.

Bierland — Prosa
Região: Blumenau/SC
Estilo: American Barley Wine
Álcool: 10%

Bierland Prosa

Esta cerveja é a ganhadora do mais recente concurso de cervejeiros caseiros da Bierland. Diferentemente dos exemplares ingleses, este é um Barley Wine que leva lúpulos americanos, que adiciona um leve sabor cítrico, equilibrado com uma altíssima carga de maltes caramelo, que remetem ao sabor de toffee e castanhas. Em tradução livre, Barley Wine é vinho de cevada. Que tal um dedinho de Prosa para esquentar?

DUM — Petroleum
Região: Curitiba/PR
Estilo: Russian Imperial Stout
Álcool: 12%

DUM Petroleum

A DUM é mais uma cervejaria cigana que se destaca em nossa lista, pois se especializou no que chamamos de “cervejas extremas”. Todas as cervejas dela são “fora de estilo”, e a Petroleum não é exceção. Uma cerveja que é quase um licor, com sabores equilibrados de café, chocolate, tabaco e uma cremosidade deliciosa proveniente da adição de aveia em flocos na receita. É um dos mais difíceis estilos de serem produzidos. Devido à alta graduação alcoólica, a levedura tende a “morrer” embebida no álcool, e a cerveja acaba não atenuando e ficando doce demais.

Henrique Augusto é jornalista, cervejeiro caseiro e sommelier de cervejas pelo Science of Beer Institute.