O romance mais imperdível do ano vai fazer você se sentir dentro de um conto de fadas Christian Geisnæs / Netflix

O romance mais imperdível do ano vai fazer você se sentir dentro de um conto de fadas

Uma comédia de época do renomado cineasta dinamarquês Bille August, “Ehrengard: A Ninfa do Lago” é baseado no romance homônimo de Karen Blixen e adaptado para as telas pelo filho do diretor, Anders Frithiof August, que também trabalhou ao lado do pai em “Um Homem de Sorte”. Com cenários pitorescos e cores celestiais, uma estética barroca e flores, muitas flores, o longa-metragem que começou a ser produzido há mais de 10 anos é uma visão de conto de fadas de encher os olhos. Filmado em apenas dois meses em Copenhague, Korsør e nos municípios de Rudersdal e Tomelilla, na Dinamarca e Suécia, a história se passa no fictício reino de Babenhausen.

Embora falido, Cazotte (Mikkel Boe Følsgaard) tem boa penetração na nobreza. Pintor de retratos realistas, ele é o artista favorito da grã-duquesa (Sidse Babett Knudsen), uma mulher inteligente o suficiente para tomar as rédeas do destino de sua família, que está com a sucessão do trono ameaçada por primos de seu marido, que se tornou rei de forma indireta.

O monarca e a grã-duquesa possuem um filho adolescente, Lothar (Emil Aron Dorph), que embora viva cercado de mulheres, não demonstra interesse em nenhuma delas e não parece estar perto de se casar. Um sedutor natural, Cazotte é recrutado pela grã-duquesa para estimular o rompante sexual do jovem príncipe. A mãe está pessimista e preocupada e diz a Cazotte que ele não deve investir muita esperança em seu filho. Mas Cazotte tem métodos muito particulares que garantem o sucesso da missão.

Primeiro, ele se aproxima de Lothar como um amigo e conselheiro e ouve do príncipe que seu desinteresse em casamento se deve pelo medo de perder sua liberdade. Então, Cazotte o convence do contrário. Por meio de desenhos eróticos, recheados de mulheres nuas, ele prova que o casamento possibilita um desfrute maravilhoso da vida em sua plenitude. As ilustrações atiçam a imaginação do jovem príncipe, que logo é persuadido a procurar uma esposa.

Cazotte tem mais cartas na manga e pretende apresentar o rapaz para Ludmilla (Emilie Kroyer Koppel), caçula de uma família aristocrática cuja beleza fluorescente e doçura pessoal é suficientemente agradável aos olhos da grã-duquesa. Então, o artista une o jovem casal, que logo se vê deslumbrado de amor a correr pelos jardins.

Mas Cazotte tem seus próprios interesses em tudo isso e não age por altruísmo. Ele pede em troca que a grã-duquesa consiga que ele pinte o retrato de Ehrengard (Alice Bier Zanden), uma mulher bela, cuja família conservadora e superprotetora não permite com que ele se aproxime dela. No entanto, seus planos são frustrados quando o pai da moça rejeita qualquer tentativa de fazer com que Ehrengard seja retratada nas telas.

Depois do casamento de Lothar e Ludmilla, a recém-casada se revela grávida há um pouco mais de tempo do que foi a cerimônia. É que ansiosos e apaixonados, o príncipe e a nova princesa se renderam aos seus desejos carnais antes da hora. Temendo que um primo invejoso descubra e novamente ameace tomar o trono, a grã-duquesa envia o jovem casal, por determinação de Cazotte, para uma propriedade isolada, com a desculpa de que a moça está seriamente doente. Mas o pintor ainda dá um jeito de convencer a rainha de que Ehrengard precisa estar ao lado da princesa como dama de companhia. Desta forma, ele poderá tentar se aproximar da jovem sem as intromissões do pai dela.

Uma série de situações desastradas ocorrem e quase expõem a gravidez da princesa Ludmilla, mas com ajuda de Cazotte e Ehrengard, a grã-duquesa consegue assegurar a permanência de sua família na monarquia.

Enquanto isso, o pintor, como um voyer, se espreita entre árvores e paredes a observar a beleza etérea de Ehrengard e a desejá-la, mas contra suas próprias habilidades pessoais, sem saber como fazê-la se apaixonar por ele.

“Ehrengard: A Ninfa do Lago” é esteticamente deslumbrante, mas o roteiro de August filho ainda parece faltar algo. Apesar das atuações de qualidade, a química entre Følsgaard e Zanden é desbotada, sem graça. Nem mesmo a competência e genialidade indubitável de Bille August garantem o tempero que falta ao filme.


Filme: Ehrengard: A Ninfa do Lago
Direção: Bille August
Ano: 2023
Gênero: Comédia/Romance/Drama
Nota: 8/10