Fãs de ‘Bridgerton’ não podem deixar de ver esse spin-off fantástico da série que chegou à Netflix Nick Wall / Netflix

Fãs de ‘Bridgerton’ não podem deixar de ver esse spin-off fantástico da série que chegou à Netflix

Meghan Markle, embora tenha deixado a rainha Elizabeth II pistola, por ser negra e ter se casado com seu neto Harry, não é um caso inédito na família real britânica. Embora os documentos históricos tentem apagar a negritude na monarquia, colorindo a pele da Rainha Charlotte em tons mais translúcidos, fica óbvio por seus traços que ela era negra. Procure no Google.

A ligação de Charlotte com a África foi respaldada por estudo do historiador Mario de Valdes y Cocom, que conectou a rainha britânica à nobre Margarita de Castro e Sousa, amante do rei Afonso III, e que deu origem a uma geração de pessoas negras na Casa Real Portuguesa.

A rainha Charlotte teria sido descrita pelo médico Christian Friedrich Freiherr von Stockmar, influente na corte inglesa, como “uma verdadeira mulata”. Reportagens da BBC e da revista Galileu são fontes bibliográficas destas afirmativas. De acordo com o Noir Guides, pinturas como a de sir Thomas Lawrence, que representavam a rainha com traços africanos e tons de pele mais escuros, foram rejeitadas e até escondidas pela monarquia britânica. Hoje, elas são amplamente divulgadas na internet.

O racismo estrutural no Reino Unido e no mundo não podia deixar isso se espalhar. Charlotte foi uma dessas figuras branqueadas pela história. Mas Shonda Rhimes, mulher afro-americana e uma das criadoras de séries mais bem-sucedidas da atualidade, não permitiria que essa situação permanecesse silenciosa. Spin-ff de “Bridgerton”, criada por Chris Van Duse, “Rainha Charlotte” narra a chegada da jovem menina negra à Corte Inglesa.

Nascida na Alemanha em 1761, filha mais nova do príncipe de Mirow, Charles Louis Frederick, e sua esposa, Elisabeth Albertina de Saxe-Hildburghausen, Charlotte se casou com o rei George III. Apesar do casamento ter sido arranjado, como praticamente todos à época, o romance entre eles é um dos mais bem-sucedidos da história. Embora casos incontáveis de infidelidade sejam conhecidos entre as monarquias, o rei George III permaneceu apaixonado e fiel à Charlotte durante toda sua vida. Os dois tiveram 15 filhos e o pai era especialmente amoroso e superprotetor com suas filhas meninas, desejando que elas nunca se casassem e sempre o fizessem companhia.

Outra curiosidade sobre essa família, e que é narrada na série, é o interesse de George por física, astronomia, matemática e agricultura. Charlotte, por sua vez, foi uma botânica amadora.

Mas “Rainha Charlotte” foca mais nos transtornos mentais sofridos por George durante sua vida e como Charlotte lidou com eles e ajudou o marido. Embora seja disseminado que o problema dele tenha sido provocado por porfiria, há inúmeras outras teorias que falam que ele pode ter sofrido de bipolaridade, estresse e depressão, que provocavam alucinações, paranoias e convulsões.

“Rainha Charlotte” explora o romance, o drama e as intrigas da Corte em seis episódios que passam voando, afinal, prendem o interesse do espectador do início ao fim. Embora seja ficção, há uma fatia de verdade que torna a série ainda mais chamativa, curiosa e intrigante.


Série: Rainha Charlotte
Direção: Tom Verica
Ano: 2023
Gênero: Romance/Drama
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.