Nova série da Netflix vai te fazer roer as unhas até os ossos e te deixar à beira de um infarto Divulgação / Netflix

Nova série da Netflix vai te fazer roer as unhas até os ossos e te deixar à beira de um infarto

Uma adaptação do romance alemão “Totenfrau”, de Bernhard Aichner, publicado em 2014, a série austro-alemã “A Mulher dos Mortos” é uma intrigante história de suspense de deixar qualquer pessoa obcecada. Isso, porque a personagem principal é uma mulher muito interessante. Ela é uma tanatopraxista, mãe de dois filhos e muito valente. As cenas iniciais da série são um chute no estômago. Ela já começa com tudo, proporcionando um começo traumático e chocante com a morte de Mark (Maximilian Kraus), um policial, casado com Brunhilde (Anna Maria Mühe), com quem tem dois filhos.

Mark sofre um brutal acidente de moto, em que é atropelado por uma Land Rover, cujo motorista foge do local. Brunhilde, que testemunha tudo, já que o acidente acontece em frente à sua casa, decide investigar quem é o condutor que matou seu marido. E se você ainda não sabe o que é um tanatopraxista, é o profissional que prepara o cadáver para que fique apresentável e para que permaneça conservado durante todo o velório, antes do enterro. Brunhilde trabalha disso e, talvez, isso a tenha tornado tão autoconfiante em situações em que precisa lidar diretamente com a morte.

Ela sofre muito com a perda do marido, mas logo percebe que não há esforço da polícia em encontrar o dono do carro que provocou o acidente. Brunhilde também encontra alguns objetos estranhos no meio das coisas do marido, como um papel de chocolate ao leite, já que ele é intolerante à lactose, e um outro aparelho celular com ligações misteriosas. Ela começa a investigar e chega até uma cabana, onde está escondida Dunja (Romina Küper), uma jovem imigrante que havia sido salva de um sequestro por Mark.

Com Dunja, Brunhilde descobre que o marido não foi morto acidentalmente, mas intencionalmente assassinado. Conforme suas investigações secretas e solitárias avançam, ela descobre uma intricada e complexa rede de mentiras e segredos que rondam a pequena cidade em que vive e seus moradores mais poderosos e influentes.

“A Mulher dos Mortos” tem trilha sonora de Patrick Kirst, que quase todo momento passa a sensação de mistério e tensão, deixando os espectadores à espera de um susto iminente. Mas não é uma série de sustos, mas de inteligência. É preciso ter paciência e acompanhar o andamento das descobertas de Brunhilde, enquanto o próprio espectador pode começar a conjecturar suas próprias versões e culpados. A fotografia de Stephan Burchardt ora enxerga pela visão do operador da câmera e ora parece escondida no canto da sala, espreitando como uma assombração. Tem invasões de luz no canto da tela, às vezes dando a sensação de sonho ou pesadelo, mesmo assim é sempre Brunhilde quem está no comando. Os contra-plongée a fazem parecer grande e assustadora e ela está, com razão, furiosa em busca dos assassinos do marido. Brunhilde perde a sanidade, perde o autocontrole, perde as estribeiras e é capaz de ir até o fim para desvendar a verdade. Apesar de tudo, seu olhar é sublime, frio e às vezes navega para dentro de suas lembranças com o amor de sua vida, que não mais compartilha o mesmo mundo.  Anna Maria está brilhante, estonteante e poderosa como a protagonista.

“A Mulher dos Mortos” vai capturar sua mente e seu coração com essa personagem singular e uma história de tirar o fôlego de tão sombria e cheia de enigmas para serem descobertos.


Série: A Mulher dos Mortos
Direção: Nicolai Rohde
Ano: 2022
Gênero: Suspense/Drama/Mistério
Nota: 9/10