15 biografias que merecem edições brasileiras

15 biografias que merecem edições brasileiras

Os livros foram publicados em Buenos Aires, Montevidéu e Portugal. Nós ficamos para trás

Falta um intercâmbio cultural entre o Brasil e Portugal, países que, unidos pela história e pela língua comum, são irmãos. Livros publicados no país de Fernando Pessoa não são comercializados no Brasil e vice-versa. Aqui e ali, em algumas livrarias, é possível encontrar livros editados na terra de Camões. Pouquíssimos. A Livraria Cultura, antes da recuperação judicial, importava obras para seus clientes, a preços não muito convidativos. Em Buenos Aires e Montevidéu, pelo contrário, é fácil encontrar livros editados em Madri e, sobretudo, Barcelona. A Eterna Cadencia e El Ateneo, portenhas, e a Más Puro Verso, da capital uruguaia, comercializam livremente publicações espanholas. Azar dos brasileiros, sorte dos argentinos e uruguaios. A lista que elaborei inclui biografias que saíram em Portugal e, especialmente, na Argentina e no Uruguai. Comprei-as em casas de livros novos e em sebos. Os melhores alfarrábios de Buenos Aires ficam na Avenida Corrientes. Em Montevidéu os livros usados são encontrados na feira de Tristán Narvaja, na qual se vende quase tudo, e em sebos muito bons (com preços superiores aos praticados pelos sebos da terra de Jorge Luis Borges).

Nada se compara à variedade das biografias em inglês, que não serão listadas. O escritor americano William Faulkner é muito lido no Brasil, mas não há nenhuma biografia abrangente em Português. Em inglês, há algumas e listo três: “Faulkner — A Biography” (há uma versão em espanhol), de Joseph Blotner, “William Faulkner — American Writer”, de Frederick R. Karl, e “A Life of William Faulkner”, de Jay Parini. A Companhia das Letras está reeditando a obra do escritor americano James Baldwin, com traduções qualificadas. Em seguida, poderia lançar “James Baldwin — A Biography”, de David Leeming. Vale a pena publicar “Hart Crane — A Life”, de Clive Fisher. Como os russos não saem de moda, o que é muito bom, a leitura de “Pushkin — A Biography”, de Elaine Feinstein, é sempre agradável. Púchkin (a grafia usual no Brasil) é praticamente o inventor da literatura russa moderna.

Há um livro que merece edição brasileira, com a vantagem que não precisa ser traduzido: “Florbela Espanca” (Guimarães Editores, 221 páginas), de Agustina Bessa-Luís. Trata-se de uma biografia de poeta escrita por prosadora notável (também biógrafa do Marquês de Pombal).