7 leituras que marcaram a década e ainda são recomendadas como se tivessem acabado de sair

7 leituras que marcaram a década e ainda são recomendadas como se tivessem acabado de sair

Há livros que chegam com barulho, saem em todas as listas, ganham prêmios e adaptadores. Depois desaparecem. Não é um fracasso — é só o ciclo habitual. Mas há outros, menos numerosos, que seguem adiante como se tivessem pulado fora do calendário. Continuam sendo lidos, lembrados, comentados, recomendados com a naturalidade de um lançamento recente. Alguns deles nem são novos, o que, aliás, é parte do mistério. Ainda assim, aparecem na mesa de cabeceira de alguém, na estante de uma livraria que se recusa a trabalhar só com a novidade da semana, ou naquela conversa em que alguém diz, meio sem saber por quê: “esse livro ainda mexe comigo”.

Sete romances em especial têm feito esse percurso silencioso e constante. Um deles coloca uma menina cega no meio de uma cidade sitiada e, ao lado dela, um menino alemão às voltas com a própria consciência. Outro transforma uma recusa alimentar em abismo. Há o que se estrutura como um luto interminável escrito em primeira pessoa, e o que reconstrói um país distorcido por fé e controle, com uma narradora que sussurra onde seria fácil gritar. Há também o caso do cientista ganhador de Nobel que vive à sombra de si mesmo, e o da mulher que tenta decifrar a morte à sua volta enquanto todos a tratam como excêntrica. Por fim, há a jovem solitária para quem cozinhar é, antes de tudo, a tentativa de escutar o silêncio dos vivos.

Não há um tema que una esses romances. Não exatamente. Mas há uma coisa comum, difícil de nomear. Talvez uma recusa em envelhecer de maneira obediente. Talvez a maneira como falam de coisas muito íntimas com gestos discretos. Talvez o tempo, que neles não passa — hesita. O que se sabe é que, ao relê-los, não se tem a impressão de retorno. Mas de presença. Como se eles tivessem esperado por nós. E agora soubessem exatamente como continuar.