4 séries da Netflix que juntas ganharam 45 Emmys Sophie Mutevelian / Netflix

4 séries da Netflix que juntas ganharam 45 Emmys

Não é só pelo número, embora 45 prêmios Emmy impressionem. É pelo que esse número encobre, pelo que deixa nas entrelinhas. Cada uma dessas séries chegou por um caminho distinto: um drama real de corar a comédia, uma família real em desmonte, uma jovem enxadrista solitária em pleno colapso, um cartel escondido no coração de uma lavanderia. São retratos díspares, mas todos com um ponto em comum: a urgência de permanecer relevantes mesmo depois da avalanche de aplausos. Talvez seja esse o desafio da televisão na era do streaming, onde a quantidade beira o absurdo e a permanência se torna cada vez mais rara. E, ainda assim, elas ficaram. “Bebê Rena” apareceu como um desabafo incômodo, quase impronunciável, feito para inquietar. “The Crown” tentou transformar uma monarquia em psicanálise pública, sem pedir desculpas. “O Gambito da Rainha” nos fez acompanhar o silêncio de uma garota diante do mundo como se fosse um jogo de guerra. E “Ozark” nos lembrou que até o dinheiro tem um custo moral, e que lavar culpas é bem mais difícil do que parece.

O que essas séries compartilham não é só a plataforma, nem só os prêmios, mas a precisão de ter algo a dizer em meio ao ruído. E de ter dito isso com forma, com voz, com alguma inquietação estética que ainda ressoa mesmo depois do final. Porque há algo mais difícil do que ganhar um Emmy. É não soar como todos os outros quando se ganha um. E talvez o mérito esteja aí, em como essas histórias conseguiram existir de forma singular num ambiente que, muitas vezes, engole até o que foi feito para brilhar. Elas não foram feitas para agradar a todos. Mas agradaram o bastante para não serem esquecidas. E não é isso o que, no fundo, toda série espera?