7 livros tão bons que até fazem valer a pena perder um sábado de sol

7 livros tão bons que até fazem valer a pena perder um sábado de sol

Bons livros não servem para serem lidos. Bons livros são um maravilhoso paradoxo, a lembrar-nos que sonhos existem para todo aquele que sonha, fechando-nos na certeza de que a vida sem sonho é o pior dos cárceres. Nos livros acontece uma vida paralela, a vida ideal, em que até a mais perturbadora tristeza tem seu encanto e leva a um objetivo. A leitura escancara as portas de uma dimensão na qual a lógica tem pouca importância e o sentimento tudo rege, atmosfera de permanente epifania que manda aproveitar cada segundo diante das páginas. Assim, muita gente pensa, e com razão, que gastar seus momentos de ócio com qualquer outra coisa é um criminoso desperdício. 

Só existe quem produz, quem dá lucro, quem faz média, quem “performa”. Recolher-se mesmo que para descobrir-se, buscando respostas para sua própria insânia e a do mundo, parece a muitos um ato de rude egoísmo, quiçá uma fuga, mas fugir nem sempre é fraqueza — às vezes, foge-se para sobreviver. A fuga é necessária, tanto mais diante do caos do existir, imanente e eterno. Escapamos não apenas de lugares físicos, mas de nossas memórias, de nós mesmos, na ânsia de um recomeço, e para recomeçar é preciso coragem, e para ter coragem é preciso esperança. Cada recomeço é um renascimento, onde resiste a dor do que ficou e a promessa do que virá. Não se trata de apagar o passado, mas de dar-lhe a justa importância.

No transcurso de uma leitura caudalosa, o dia vira noite, as pessoas ocupam-se de nascer, morrer e ir à praia, quase pode-se escutar o burburinho das feiras, imagina-se o infernal congestionamento de quem volta de algum lugar distante, e quem esteve na companhia de um livro deu voltas e mais voltas em mil universos, conversou com reis e mendigos, entrou e saiu de si mesmo sem fazer alarde no conforto de seu sofá, viveu todas as vidas que julgava deleitosas, entendeu verdades danosas e desmascarou mentiras rosicleres. Livros jamais roubam dias de sol nem coisa alguma, pelo contrário; neles repousa a eternidade inteira, uma eternidade nem sempre mansa, até violenta, mas reveladora. É o que se verifica nos sete títulos que juntamos, cada qual com sua luz, seu calor, sua pulsão de vida, na perfeição idiossincrásica que despreza o senso comum.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.