10 livros de filosofia que vão fazer você repensar tudo em que já acreditou

10 livros de filosofia que vão fazer você repensar tudo em que já acreditou

A filosofia, desde seus primórdios na Grécia Antiga, tem sido uma disciplina dedicada a questionar, refletir e compreender os fundamentos da existência, do conhecimento, da moral e da verdade. Não se trata de fornecer respostas prontas, mas de abrir caminhos para o pensamento crítico. É justamente essa disposição constante para o questionamento que faz da filosofia uma ferramenta poderosa para nos fazer repensar tudo em que já acreditamos. No cotidiano, grande parte de nossas crenças são formadas de maneira automática: herdamos valores de nossos pais, aprendemos normas sociais na escola, absorvemos opiniões da mídia, moldamos ideias a partir de nossas experiências. Isso não significa, necessariamente, que essas crenças estão erradas, mas sim que muitas delas não foram submetidas a uma análise crítica. E é aí que a filosofia entra: ela desestabiliza o que parece óbvio e nos convida a olhar o mundo com novos olhos. Sócrates (469 a.C. — 399 a.C.), um dos primeiros filósofos ocidentais, dizia que “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”. Essa máxima é um convite à reflexão constante. Sócrates acreditava que o conhecimento verdadeiro não está em acumular informações, mas em reconhecer a própria ignorância. Ao fazer perguntas como “o que é a justiça?”, “o que é a verdade?”, “o que é o bem?”, ele desafiava seus interlocutores a questionar suas certezas. Esse método, conhecido como maiêutica, consiste em levar o outro, por meio de perguntas, a dar à luz ideias mais claras e consistentes. É um processo desconfortável, mas necessário: repensar crenças é o primeiro passo para fortalecer ou transformar o que pensamos.

Além disso, a filosofia não apenas questiona os conteúdos das nossas crenças, mas também os fundamentos do próprio conhecimento. Em outras palavras, ela investiga como sabemos o que achamos que sabemos. Esse campo, chamado de epistemologia, é essencial para entendermos que nem todas as fontes de conhecimento são confiáveis ou neutras. Filósofos como René Descartes (1596-1650) mostraram que nossas percepções podem nos enganar, que nossos sentidos não são infalíveis e que, portanto, é preciso duvidar metodicamente para alcançar alguma certeza. O famoso “Penso, logo existo” é o resultado de um processo radical de dúvida, onde tudo é colocado em questão. Outro aspecto importante da filosofia é sua capacidade de nos fazer ver que há várias formas de pensar o mundo. Quando estudamos autores com visões distintas — como Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.), Kant, Nietzsche, Marx ou Arendt — somos confrontados com diferentes modos de compreender o ser humano, a moralidade, a política, o tempo, a liberdade. Isso nos obriga a relativizar nossas certezas e entender que o que consideramos “natural” pode, na verdade, ser uma construção histórica ou cultural. A filosofia, portanto, nos convida ao exercício da alteridade: ver o mundo a partir do olhar do outro.

A filosofia faz-nos repensar tudo em que já acreditamos porque nos ensina a questionar, a ouvir, a ver o mundo com olhos mais atentos. Ela nos mostra que o pensamento é dinâmico, que a verdade é complexa e que viver de forma consciente exige esforço, mas também oferece recompensas profundas. Ao colocarmos nossas crenças sob exame, tornamo-nos mais livres, mais críticos e, possivelmente, mais humanos, demasiado humanos. É esse o fundamento dos dez títulos que listamos, de autores dos séculos 20, 19, 18 e dos primeiros anos da era cristã, provando que conhecer-se a si mesmo é uma velha necessidade da alma do homem, tão insaciável quanto parte da vida mesma.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.