O Pantanal como dicionário. A poesia que mudou a língua. Mas o Brasil só o reconheceu quando seus cabelos já eram brancos
Entre cheias e vazantes, Manoel de Barros escolheu a margem: fez da atenção um ofício, do mínimo um abrigo. Enquanto o Brasil trocava bonde por rodovia, rádio por televisão, regimes por promessas, ele afinou a língua no chão, devolvendo nomes limpos às coisas. O poema dele cabe num bolso e abre respiro em tela acesa. O Pantanal, pressionado, encontra na página um refúgio. Ler Manoel é aprender a baixar o volume e lembrar que a delicadeza também pode sustentar um país.