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O suspense psicológico tenso e perturbador, na Netflix, que se intensifica como uma bomba-relógio

O suspense psicológico tenso e perturbador, na Netflix, que se intensifica como uma bomba-relógio

Uma vez que não se tem mais parâmetro para se discernir sabedoria de prepotência, remédios viram venenos e o talento se presta a homiziar toda sorte de perversões, voluntárias ou não. O personagem-título de “Luce” (2019) experimenta o fausto e as dores de ser um garoto exemplar — e esse epíteto tem um peso especialmente incômodo para ele. No filme, o diretor Julius Onah trata de assuntos sérios, e quanto mais pesa a mão, mais se faz necessário contar essa história.

Faça um favor a si mesmo, tire 120 minutos do seu dia para assistir a esse filme encantador que chegou à Netflix Divulgação / Focus Features

Faça um favor a si mesmo, tire 120 minutos do seu dia para assistir a esse filme encantador que chegou à Netflix

O que se tem aqui é mais um exemplo de filme cuja atriz principal termina por empanar o brilho da história, que, conforme já se disse, conserva seu vigor. E difícil imaginar outra intérprete para Emma Woodhouse que não reunisse a picardia, o frescor, a beleza exótica e, por evidente, a competência de Anya Taylor-Joy. Sua absorção da anti-heroína de Austen dá medida exata de como deveria ser uma pós-adolescente feito a donzela sobre quem a escritora se debruça, e De Wilde, faça-se-lhe justiça, reproduz à perfeição o clima ambivalente de ânimo e morbidez, calor e frio, matéria e espírito que emana da história em que seu filme se inspira.

Inteligente, selvagem e perturbador, filme que acaba de estrear na Netflix fará 90 minutos parecerem o resto de sua vida Divulgação / Universal Pictures

Inteligente, selvagem e perturbador, filme que acaba de estrear na Netflix fará 90 minutos parecerem o resto de sua vida

Chamada: Craig Zobel centraliza discussões filosóficas de altíssima potência no thriller “A Caçada” (2020), em que ousa tecer comentários acerca do modo grotesco como os barrados no salão nobre da vida são vistos pelos de cima. Aqui, Zobel redobra a carga de crueza e desce aos pontos mais abissais do espírito do homem, convencido de que suas metáforas sobre armamento de civis, racismo e preconceito social.