Na intersecção entre fé e dúvida, “Dois Papas” dramatiza o improvável diálogo entre Bento 16 e Jorge Bergoglio, revelando não apenas um confronto ideológico, mas uma aproximação entre dois homens marcados por culpa, arrependimento e visões contrastantes sobre o futuro da Igreja. Um filme que transforma o silêncio e a hesitação em território dramático de rara intensidade.
Azra domina a arte de orientar outras mulheres a viverem melhor — ao menos na teoria. Quando aceita transformar a vida amorosa da desajeitada Hande, o que parecia ser apenas mais um projeto pessoal acaba revelando zonas de conflito que nem ela mesma ousava encarar. Entre tropeços emocionais, aparências reformuladas e vínculos inesperados, nasce uma comédia sobre querer se encontrar sem perder o próprio eixo, mesmo quando tudo à volta exige disfarces e certezas.
“A Enciclopédia de Istambul” é mais um exemplo do que vêm fazendo de bom os diretores e showrunners turcos, pródigos em tramas sempre envoltas na bruma de um evento obscuro qualquer, partindo de situações invulgares para chegar a histórias até absurdas muitas vezes, mas nem por isso menos tocantes. Para falar de uma garota em busca de independência numa cidade grande, Selman Nacar volta alguns anos e mostra a relação tumultuada entre sua mãe e uma amiga, conflito que reacende por razões diversas, igualmente fortes.
Poucos filmes têm a ousadia de abordar o martírio sem ceder à tentação do heroísmo ou do sentimentalismo. “Paulo, Apóstolo de Cristo”, dirigido por Andrew Hyatt, é uma dessas raridades. Ao invés de exaltar o personagem-título como ícone de santidade ou símbolo de vitória espiritual, o longa opta por caminhar por terrenos menos confortáveis: a decadência física, o peso das memórias e a erosão da esperança num ambiente onde a fé, se ainda existe, é uma escolha brutalmente solitária.
Num mundo dilacerado por ruínas tecnológicas e laços humanos em extinção, uma jovem embarca em uma jornada para reencontrar seu irmão perdido — e talvez a si mesma — em meio a robôs decadentes e paisagens melancólicas. “The Electric State”, dirigido pelos irmãos Russo, desenha um futuro onde o avanço artificial revela mais sobre o colapso do afeto do que sobre o progresso da máquina.
