Em “Mães Paralelas” (2021), Pedro Almodóvar exerce sua arte, com a narrativa que imita cenas de novela televisiva pontuada pelo impacto dramático que reflete o exagero das emoções sem entregar-se ao dramalhão. O desdobramento enxuto das situações-síntese transparece um folhetim antigo com roupagem de vanguarda.
“A Vida de Togo” (2022) fala, sim, de penúria, mas de vida, não de morte. O uruguaio Israel Adrián Caetano deposita em seu protagonista, um guardador de carros — um desses ofícios que inventamos para mitigar a desatenção para com os mais necessitados — que toca seu dia a dia da melhor forma que consegue (e ele consegue mesmo), mesmo diante das ameaças reais que avançam sobre o seu único tesouro.
Se você é daqueles que não gosta de perder tempo, que planeja muito bem seu dia e suas tarefas e só gasta suas horas em algo que realmente vale a pena, acompanhe essa lista da Revista Bula. Nós trouxemos algumas das melhores produções lançadas pela Netflix em 2022 para você, que quer ter certeza de que suas duas horinhas de filme estão sendo bem investidas.
Em geral, os filmes de guerra são caros e complexos. Mas Sam Mendes, ao se propor a fazer “1917”, quis quebrar recordes, fazer com técnica e realismo sem precedentes. Sem dúvidas, a produção surpreende ao transportar os espectadores direto para a garganta do inferno, onde seus protagonistas devem superar todos os obstáculos para salvar milhares de soldados. Gravado em plano-sequência, que dá a sensação de continuidade, de que não há descanso ou minuto para se recuperar o fôlego, o longa-metragem é uma viagem aterrorizante à Primeira Guerra Mundial.
Mirando um episódio fora do comum, sobre o qual se projeta uma lupa, “A Viatura” (2015) disseca segmentos ocultos da alma do homem — de um homem em especial. O filme de Jon Watts preza por esgotar todas as possibilidades de se conhecer o que fica por trás das aparências respeitáveis de tipos como este, um verdadeiro mestre na grande arte de iludir criaturas ingênuas, até que tropeça em sua própria autoconfiança.
