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“Minority Report — A Nova Lei” é uma festa para os sentidos, sem prejuízo da reflexão filosófica. Raras vezes na história do cinema conjugou-se tão perfeitamente razão e sensibilidade, ainda Spielberg opte por deixar pontas soltas pelo caminho, quiçá para estimular em nós esse gosto pela especulação intelectual e pelo nonsense. Mas não precisava: a genialidade e o ineditismo em várias frentes deste seu trabalho nos levam às agruras do futuro sem que as tenhamos de experimentar.

Resolvido a deixar por legado sua visão de mundo sobre temas tão polêmicos quanto racismo, etarismo, imigração (legal ou não), Singleton, um homem que nunca se importou muito com o que poderiam pensar a seu respeito, tem um vasto currículo na direção e na produção de filmes assumidamente panfletários, em que se sente já nas primeiras cenas o peso do que vai dizer. Em “Quatro Irmãos”, o diretor, elabora a inusitada fusão de passagens entre edificantes e quase ofensivas e lances que chafurdam sem pejo na violência mais rasteira, obtendo um todo homogêneo.

O personagem de Ryan Gosling em “Drive” luta para sair da margem da vida. Fiel ao protagonista do filme do dinamarquês Nicolas Winding Refn é um farsante, um degredado na própria existência cujo estar no mundo é um paradoxo. Ao passo que acelera, ele deixa para trás sua história de falso bom-moço perdido em si mesmo sem conseguir se encontrar nunca.

O incrível Tom Cruise estrela mais um filme da franquia “Missão: Impossível” superando novos desafios físicos e pessoais. Desta vez, batendo mais recordes, o ator que interpreta o protagonista Ethan Hunt fica pendurado na asa de um avião a 5 mil pés de altura e passa 6 minutos embaixo da água sem respirar. Não dá para acreditar que essas cenas sejam reais, mas, sim, ele não usa dublês ou efeitos especiais. E é isso que torna seus filmes tão surpreendentes.

Tudo em “Desejo e Reparação” traz à lume com o rigor devido às minudências pensadas por Ian McEwan, que no livro em que o filme se baseia dá a ideia de uma viagem no tempo rumo à Inglaterra de 1935, onde permanece por alguns instantes, mas logo avança para outra época e outros lugares e progride um tanto mais ainda, numa dinâmica própria e arrojada para uma narrativa tão sóbria, que se furta a sempre corresponder aos anseios do público.