Livros

Na estrada com os detetives de Roberto Bolaño

Na estrada com os detetives de Roberto Bolaño

“Os Detetives Selvagens” é um romance existencialista. Os personagens estão meio à deriva. Eles não sabem exatamente o que fazer ou para onde ir, que direção imprimir à existência. O que não seria, assim, muito grave, se eles fossem europeus. Ser existencialista no velho mundo tem certo charme decadente. Duro é ser existencialista ou algo que o valha na América Latina. O charme deixa de ser decadente para se tornar suicida.

O vocabulário cínico de Ambrose Bierce

O vocabulário cínico de Ambrose Bierce

Um fato curioso sobre o cinismo é que o seu mais ilustre representante é, possivelmente, Ambrose Bierce, graças ao seu “Dicionário do Diabo”, ou “Vocabulário do Cínico”. É um caso hilário que o nome original, que fazia apologia ao demônio, coisa censurada pela religião, tenha sido substituído por esse título com grande força literária e, virtualmente, acadêmica.

A obra-prima de Ian McEwan

A obra-prima de Ian McEwan

Ver com os próprios olhos é o suficiente para sabermos a verdade sobre um acontecimento? Talvez seja essa a questão de fundo em “Reparação”, obra do escritor inglês Ian McEwan. Quatro centenas de páginas demonstram que a resposta não é nunca tão óbvia quanto um “sim”, uma vez que a imaginação deve ser considerada; ela reage com os sentidos e influencia poderosamente nossa percepção da realidade. Outra questão implicada, tão importante, diz respeito ao inerente poder da ficção, e ambas as questões provam o quanto o termo “romance” vai muito além da compreensão vulgar.

Arthur Machen e seu labirinto de horrores elogiado por Jorge Luis Borges

Arthur Machen e seu labirinto de horrores elogiado por Jorge Luis Borges

Machen nasceu no País de Gales. Na juventude, mudou-se para Londres, onde trabalhou como jornalista, tradutor e escritor. Desde pequeno, na seleta biblioteca de seu pai, Machen desenvolveu o gosto pela leitura de obras que pendiam para temas sombrios e decadentistas de autores como as irmãs Brontë e Thomas De Quincey. Em Londres, um de seus primeiros trabalhos foi como catalogador em uma livraria, período em que Machen entrou em contato com diversos livros sobre o oculto, sobre magia e alquimia.

Cem Anos de Solidão, um livro para se ler eternamente

Cem Anos de Solidão, um livro para se ler eternamente

Não queira tirar uma moral exclusiva ou um sentido único de Cem Anos de Solidão. Porque ele é plural e contém todos os sentidos e todas as morais. Seu estágio de conhecimento, seu estado de espírito, suas crenças e ideias dominantes é que vão dar o tom do que se perceber, do que se retirar. No microcosmo chamado Macondo é que a saga dos Buendía-Iguarán se destrinça. Uma sequência de José Arcádios e Aurelianos se sucede em profusão, cobrindo um período sintomático de 100 anos. Penso até que a árvore genealógica dessa mítica família seja impossível de se montar, como requer uma obra representativa do realismo fantástico.