Entre truques sentimentais e mentiras bem ensaiadas, “Tangos, Tequilas e Algumas Mentiras” transforma o clichê da comédia romântica em uma batalha de egos, sotaques e farsas. No embate entre um argentino emocionalmente estagnado e uma mexicana viciada em invenções, o filme encontra sua força no exagero e na ironia, sem medo de rir do absurdo que é tentar amar com máscaras demais.
Parece que diretores de todas as colorações ideológicas, que professam fés as mais variadas, com visões de mundo mesmo incoerentes com o ofício de que tiram o sustento são, de tempos em tempos, acometidos de uma descrença fundamental da vida, que, ao menos naquela quadra de sua história, redunda em trabalhos de teor escatológico em maior ou menor grau. Alex Garland trilha o mesmo caminho, e em “Guerra Civil” dá uma mostra de que este é mais um de seus filmes grandiosos, daqueles que fazem questão de passar por cima de qualquer expectativa que o público tenha a seu respeito e ir muito além.
Guiado por vídeos deixados pela mãe pouco antes de morrer, uma jovem se vê forçada a retomar uma antiga lista de desejos para ter acesso à herança. O que começa como uma obrigação se transforma numa travessia emocional entre luto, amores ambíguos e sonhos esquecidos. “A Lista da Minha Vida” trafega entre leveza e imposição, oferecendo uma reflexão sutil sobre as formas silenciosas de controle sob o disfarce do afeto.
Combinando monstros grotescos, romance à distância e sarcasmo à beira do abismo, “Entre Montanhas” transforma uma missão militar surreal em palco para uma relação improvável entre dois atiradores de elite. Dirigido por Scott Derrickson, o filme abraça o exagero com convicção, desliza entre gêneros com liberdade radical e entrega uma experiência híbrida que desafia rótulos, entre o afeto, o caos e o inexplicável.
Num cenário em que a franquia “O Atirador” jamais aspirou ao patamar dos blockbusters hollywoodianos, “O Atirador: O Fim de um Assassino” se sobressai como um desvio criativo da fórmula habitual, buscando mais leveza e fluidez onde antes reinava a sisudez. O oitavo filme da franquia assume sua natureza B com despretensão quase cômica, investindo num tom mais lúdico e autorreferente que, embora possa afastar os puristas da série, oferece ao espectador casual uma proposta refrescante.
