Etimologicamente, o princípio fundamental da religião deveria ser o de restabelecer a conexão, a ligação com o mundo transcendental, que fica cada vez mais enfraquecida diante de um cotidiano a ponto de explodir devido ao estresse, à ansiedade e a todas as inúmeras intempéries tão próprias da vida contemporânea.
Sentidos, sensações e sentimentos são quase o mesmo em “Estações do Amor”, outra das boas produções asiáticas que espelham a um só tempo as mudanças da indústria cultural e as transformações sociais em escala muito mais ampla. O filipino Easy Ferrer demonstra com uma história densa, mas enxuta, despretensiosa, mas avessa a soluções fáceis, que o amor pode resistir a ameaças que qualquer um julga invencíveis, ficando de todo desguarnecido frente ao passar dos anos e a um gênero muito específico de frouxidão moral.
A mistura de amizade e negócios raramente é benéfica, geralmente resultando em ganhos financeiros efêmeros e desgaste duradouro nas relações pessoais. Esse é um bom ponto de partida para entender o argumento de Roger Gual em “7 Anos” (2016), um jogo bem elaborado de pistas e hipóteses em que o espectador se enreda à medida que a história se desenrola. Graças ao diretor ou aos roteiristas Jose Cabeza e Julia Fontana, o mote do filme é assimilado pelo público com a naturalidade de quem tem a certeza de que não se pode ter tudo.
Inspirado esteticamente no retrofuturismo, o filme “Bigbug”, de Jean-Pierre Jeunet, o mesmo de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, é uma produção da Netflix que reflete sobre um futuro distópico, em que as máquinas vão reduzir todos os nossos esforços físicos e mentais drasticamente, até dependermos quase que completamente delas. Não estamos tão distantes disso, correto? Mas sob um olhar profético, como de Isaac Asimov, o filme prevê a revolta dos robôs, mas trata da situação de um jeito cômico e cínico.
Talvez Dwayne “The Rock” Johnson seja na indústria cultural de nossos dias quem melhor transite de um lado para o outro — ajudado, por óbvio, pela aparência sui generis —, e em “Arranha-Céu: Coragem sem Limite” ele tem a oportunidade de justificar as esperanças que o público deposita nele, livrando-se de estigmas cruéis que grudam-lhe sobre os músculos sempre evidentes ao passo que mantém a aura de herói que encarna à perfeição.
