Crônicas

O que construímos por dentro é maior do que o mundo que edificamos por fora

O que construímos por dentro é maior do que o mundo que edificamos por fora

Escancarou a escolha sem medo de ser julgado, revelando que em Nova York ou em mares distantes, todos passam por dilemas. Ele encontrou o meio termo que lhe pareceu mais próximo da felicidade. Discorremos sobre angústias e alegrias, anseios e realizações, medo da liberdade e também da falta dela. Ficou claro como as inquietações são humanas e não categorizadas por território ou saldo bancário. No fim, estamos todos procurando mais ou menos as mesmas coisas.

A felicidade é uma meia cinza

A felicidade é uma meia cinza

Era segunda-feira. O dia amanheceu cinza. Eu estava um trapo. Mais parecia um pano de chão sujo, rasgado, pisoteado, cuspido por um dragão medieval com bafo ancestral. A alma encardida, mais densa que nuvem cúmulo-nimbo, mais empoeirada que chão do agreste. Era assim que eu me sentia. Mais um dia, mais uma semana, mais ônibus cheios, mais engarrafamento, mais chefe, mais boletos. Era só mais uma segunda-feira como todas as outras, só que fria e cinza.

Cuidado. Pode ser amor

Cuidado. Pode ser amor

Quem já beijou a lona nunca esquece o gosto amargo dos lábios da queda. Quem já patinou na lama sempre se assombra ao lembrar como era tolo ser criança aos olhos de um adulto. Pois digo e reafirmo que vivi os meus melhores momentos na chuva. Foram tempos em que eu brincava de viver sem me importar com o barro, com os resfriados ou com a minha mãe gesticulando, esbravejando conchavos irresistíveis da janela verde de casa, como se fosse possível que eu saísse já daquela chuva e deixasse de ser menino para sempre.