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Ser culto virou arrogância? Ou a burrice ficou charmosa demais?

Ser culto virou arrogância? Ou a burrice ficou charmosa demais?

Nelson Rodrigues (1912-1980) talvez tivesse de rever seus conceitos ao falar sobre os burros, idiotas e afins. Em certa ocasião, o Anjo Pornográfico, arguto observador da natureza humana, cravou que invejava a burrice, porque era eterna. Estúpidos, néscios, boçais, tolos e ignorantes seguem mesmo compondo uma verdadeira força da natureza, gloriosa, imbatível, chegando ao topo da cadeia de comando pela via democrática, sem ter de dar um grito sequer.

Funk não é o vilão. Mas cantar que vai bater numa mulher pode ser arte?

Funk não é o vilão. Mas cantar que vai bater numa mulher pode ser arte?

O Brasil não é para principiantes, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador não são para principiantes. Nesse suco de desalento, melancolia, aquela inglória luta pela sobrevivência, borbulha, lá no fundo do tacho, força, alegria de viver e obstinação, afinal, a gente vive é de teimoso. Tido por muitos como alienante, banal, vulgar, música barata sem nenhum valor, o centenário samba, para horror das madames, resistiu. E gerou numerosa prole.

Qual livro traduz o seu estado de espírito neste momento?

Qual livro traduz o seu estado de espírito neste momento?

Há dias em que ler é um espelho, não um refúgio. O texto não acalma — revela. Certos livros parecem nos escolher não porque prometem respostas, mas porque colocam palavras exatas onde antes havia apenas um nó, um silêncio, uma sensação imprecisa. O que lemos nesses momentos não nos distrai, nos traduz. E mesmo quando nos ferem, o fazem com uma delicadeza que é quase ternura. Talvez por isso voltemos a eles. Não para entendê-los, mas para sermos, por instantes, compreendidos.

Não confie em quem você ama

Não confie em quem você ama

Na manhã em que a campainha tocou, José Márcio calçou as sandálias e abriu a porta para o inesperado: um bebê abandonado, um bilhete enigmático e uma esposa tomada por uma ternura que não negociava com a razão. Entre a fé e o pavor, entre o instinto e o Código Penal, ele tentou resistir. Mas a vida, às vezes, se impõe com risos, espantos e quedas teatrais. Uma história que transita entre a comédia e a devoção, entre o surreal e o possível — onde nem tudo é o que parece, mas tudo, de algum jeito, é verdade.

Além das listas: a literatura na era digital do novo Brasil

Além das listas: a literatura na era digital do novo Brasil

A recente publicação da lista dos 25 melhores livros brasileiros do século 21 pelo jornal “Folha de S. Paulo” provocou um burburinho típico do nosso tempo. As indignações, os comentários precipitados, os rankings alternativos no X e o já tradicional “ninguém leu, mas todo mundo opinou”. Não era só uma lista colocada no debate público, mas também um diagnóstico, ainda que involuntário, de onde estamos culturalmente. A lista mostrou o que se escreve, como, quem escreve, lê e se sente autorizado a julgar.