Bula conteúdo

Literatura, boemia e pensamento

Literatura, boemia e pensamento

Boas ideias surgem fora das salas de aula ou seminários acadêmicos — hoje os santuários do bem pensar. Onde brota o pensamento mesmo, com nome digno de ser dito assim, é em diálogos sem fim determinado. E ninguém como os boêmios para a arte de jogar conversa fora. A literatura e a filosofia estão repletas de autores e personagens que passam o tempo sem fazer nada, apenas batendo papo. Mas é nesse papo despretensioso que aparecem coisas consideradas perigosas, sejam estéticas ou políticas.

Entrevista com o mercado financeiro

Entrevista com o mercado financeiro

Foi difícil marcar uma entrevista com o Mercado Financeiro, mas consegui encaixar uma vaga em sua agenda depois de muito esforço. Ele marcou o nosso encontro em um restaurante caríssimo. Cheguei mais cedo e o esperei um tempo. O Mercado Financeiro apareceu com uns quinze minutos de atraso, falando no celular. Sentou e pediu o prato mais caro do cardápio. Não largou o telefone nem um minuto.

Emmanuel Carrère: o verdadeiro terror é a falta de sentido

Emmanuel Carrère: o verdadeiro terror é a falta de sentido

Depois que li “Ioga”, de Emmanuel Carrère, dei de cara com três livros dele no sebo. A leitura de “Ioga” foi incentivada por algumas newsletters. Fiquei com a impressão de que todo mundo se derreteu por essa narrativa. Os livros que trouxe pra casa são “Limonov”, “O Reino” e “Outras Vidas que Não a Minha”. Imagino que seja uma boa introdução. Embora esteja na hora de intercalar Emmanuel Carrère. Dar uma pausa antes de encarar os títulos que me esperam. Surfar na onda deste francês é complicado por um desgaste causado na emoção.

Quem parou no tempo? A arte ou a crítica?

Quem parou no tempo? A arte ou a crítica?

Ser crítico de arte nunca foi uma tarefa fácil, dada a subjetividade e a multiplicidade de abordagens possíveis. Uma das funções do crítico é conferir à produção cultural uma narrativa, não necessariamente coesa, mas assimilável e historicizada. O que os críticos renomados chamam de falta de inovação é apenas um deslocamento na lógica de produção que, devido à insensibilidade que por vezes acompanha o avanço da idade (um processo natural), eles não conseguem distinguir do que precedeu.

Carlos Drummond de Andrade: a eternidade faz 121 anos

Carlos Drummond de Andrade: a eternidade faz 121 anos

Nestes tempos de excesso de celebridades e de escassez de artistas, Carlos Drummond de Andrade é um vulto consistente que pontua com seu facho de luz o horizonte poético da língua portuguesa. As comemorações do Dia D de Drummond são sem sombras de dúvida um marco que ajuda a fixar a imagem do poeta e a disseminar sua obra no presente e na perspectiva das gerações futuras. “E como ficou chato ser moderno. Agora serei eterno. Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo. Mas com tamanha intensidade que se petrifica…”