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Ela foi a primeira mulher a vender 100 mil discos de samba. Venceu a fome e o machismo. Morreu aos 40 anos, de forma absurda

Ela foi a primeira mulher a vender 100 mil discos de samba. Venceu a fome e o machismo. Morreu aos 40 anos, de forma absurda

Em 1983, o Brasil aprendeu a esperar à porta de um hospital e, com a notícia, ganhou um silêncio que ainda marca o peito. Esta crônica acompanha Clara Nunes da infância em Paraopeba à consagração no Rio, atravessa quadras, estúdios e televisão, visita a clínica, o velório na Portela e o rastro que ficou na música e na vida comum. Sem mitificar, nomeia feridas, gestos e decisões de som. O resultado é um retrato com rito, respeito e futuro, atento ao país que ela afinou.

Casou aos 12. Foi mãe aos 13. Perdeu dois filhos para a fome. E fez da dor um monumento

Casou aos 12. Foi mãe aos 13. Perdeu dois filhos para a fome. E fez da dor um monumento

Elza Soares nasceu em 1930, no Rio das periferias invisíveis, e atravessou um século em que governos apararam vozes e prometeram modernização com fome. Saiu de um barraco de madeira e zinco para palcos sob censura, recolheu-se quando precisou respirar, voltou com fôlego inteiro e ocupou espaço. Na velhice, reinventou-se, enfrentou moralismos, devolveu trabalho. Fez da própria vida uma leitura do país: dor sem espetáculo, alegria sem máscara, música como sobrevivência.

A linguagem das siglas

A linguagem das siglas

Outro dia, ficamos conhecendo um belo diálogo entre um pai e um filho, no qual, no meio da conversa, aparecia a sigla VTNC, que muita gente não conhecia e passou a conhecer. Talvez o filho tenha usado essa sigla porque, morando nos Estados Unidos há algum tempo, se acostumou ao uso de siglas — já que americano adora um acrônimo. Se não ligou o nome à palavra, acrônimos são aquelas letras usadas para simplificar expressões, muito comuns nos States e copiadas por aqui.

10 canções essenciais do Supertramp, uma das melhores — e mais subestimadas — bandas de rock de todos os tempos

10 canções essenciais do Supertramp, uma das melhores — e mais subestimadas — bandas de rock de todos os tempos

Comovido além da conta, escrevi o preâmbulo acima valendo-me, dentre outras coisas, dos títulos das canções mais conhecidas do Supertramp, uma das melhores e mais subestimadas bandas de rock de todos os tempos, na minha opinião. A morte recente de Rick Davies, músico, compositor, vocalista e fundador do Supertramp em 1969, impeliu-me a redigir o curto texto como um tributo, não somente a Rick, confesso que prefiro os vocais de Roger Hodgson, mas ao Supertramp, a icônica banda britânica que coloco facilmente entre as minhas TOP 5 no que tange ao rock internacional.

O escritor que escancarou os quartos fechados do Brasil e pagou caro: geladeira magra, aluguel vencido e o esquecimento como salário

O escritor que escancarou os quartos fechados do Brasil e pagou caro: geladeira magra, aluguel vencido e o esquecimento como salário

Ele veio do interior para uma cidade de bondes e procissões, encontrou aliados discretos e um país à beira de reformas. Entre redações e pensões, aprendeu a reconhecer o corte entre desejo e convenção. No palco, ofereceu centralidade a quem fora empurrado para a lateral. No cinema, desenhou sombras sem alarde. Quando o corpo falhou, ensinou a mão esquerda a continuar. A polícia vigiava, a moral apontava dedos; ele anotava. O tempo confirmou o alcance. A casa ficou, e a língua dele continua acesa. O país guardou silêncio e aprendeu.