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As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

No século 19, um poeta francês rompeu os limites da moral e da arte ao transformar a cidade, o desejo e a decadência em matéria poética. Sua escrita misturou o belo e o grotesco, desafiando as convenções burguesas e revelando a alma inquieta da modernidade. Condenado por ofender os bons costumes, ele fez do escândalo um gesto estético e fundou uma nova sensibilidade: a do homem urbano, dividido entre o tédio, a paixão e a busca pelo absoluto.

Sobre crianças e crocodilos

Sobre crianças e crocodilos

Sem disfarçar o constrangimento, a mãe acorreu, afastou a criança e pediu desculpas pelo transtorno. Assustado, o garoto explicou que só queria saber por que a mulher de muletas tinha uma perna a menos do que todo mundo ali. Não se preocupe, senhora. Eu não me incomodo. Venha até aqui. O pequeno hesitou, olhou para a mãe e ela acabou assentindo. O menino de olhos vívidos permaneceu calado, na expectativa da revelação.

Geraldo Vandré. O homem que negou o altar dos mitos. Tornou-se a maior lenda e o maior enigma da música brasileira

Geraldo Vandré. O homem que negou o altar dos mitos. Tornou-se a maior lenda e o maior enigma da música brasileira

Entre arquibancadas e arquivos, ele atravessou décadas sem pedir holofote: nasceu em João Pessoa, formou-se em Direito no Rio, brilhou nos festivais da televisão, partiu em 1969, voltou em 1973, escolheu a mesa de serviço público, aceitou homenagens discretas e guardou a própria voz. A biografia avança em passos medidos: parceria com músicos, exílio, anistia, rotina civil, encontros raros com plateias, entrevista que recusa rótulos, nonagenário em reserva.

Aurora Bernardini e a reinvenção da arte

Aurora Bernardini e a reinvenção da arte

Aurora Bernardini reacendeu o velho debate entre forma e conteúdo ao questionar o estatuto literário de autores contemporâneos como Itamar Vieira, Annie Ernaux e Elena Ferrante. A polêmica, longe de ser apenas acadêmica, expõe um fenômeno mais amplo: o deslocamento dos centros de poder cultural e a ascensão de vozes antes marginalizadas. Nas artes visuais, esse movimento se reflete na valorização da diversidade, na entrada de artistas indígenas, africanos e asiáticos em museus e feiras globais — e na redefinição do próprio conceito de arte.

O rei da comédia

O rei da comédia

De vez em quando corro atrás de rever filmes antigos, que assisti no século passado, principalmente comédias como as do Monty Python ou filmes do Mel Brooks, Woody Allen, irmãos Zucker, do tempo em que se fazia boas comédias. Mas, outro dia, alguém numa rede social citou “O Rei da Comédia”, filme do Scorsese de 1983, que eu não havia assistido na época, e resolvi encarar. Não, não é uma comédia; eu sabia disso, apesar de ter a palavra “comédia” no título e ter Jerry Lewis no elenco.