No silêncio de uma biblioteca secular, onde o pó repousa sobre séculos de saberes interditos, uma mulher toca um livro e abre, sem saber, um antigo campo de batalha. Essa premissa, poderosa em sua simplicidade, sustenta o início de “A Descoberta das Bruxas”, série que, ao menos em seu ponto de partida, ensaia um equilíbrio instigante entre erudição, mistério e tensão sobrenatural.
Às vezes, acontece assim: você fecha o livro — devagar, quase com culpa — e fica ali, parado. O silêncio em volta parece outro. O tempo, meio suspenso. E há alguma coisa dentro de você que não estava ali antes… ou talvez estivesse, mas calada. É esse tipo de livro que se lê duas vezes. Não por dever, mas por desejo. Não é uma questão de complexidade. Não são livros herméticos, cheios de códigos ou enigmas. São claros. Claros como o olhar de alguém que te conhece antes de você dizer qualquer coisa. E talvez por isso doam.
Existem amores que entram pela porta da frente, vestem branco e trazem flores. Mas há também aqueles que chegam de pantufas, tropeçam no tapete, fazem um café péssimo e, ainda assim, conquistam de forma irreversível. É nesses encontros improváveis que mora o tipo de romance que a gente não esquece — não pelos gestos épicos ou pelas promessas ao luar, mas pelas falhas, pelas dúvidas, pelas conversas atravessadas no meio da tarde.
Quando o senso de realidade começa a ruir, a lógica dá lugar ao desespero e a busca por respostas transforma-se num labirinto psicológico. Em “Exterritorial”, Christian Zübert nos conduz por uma jornada de dissolução emocional e paranoia crescente, onde a protagonista, marcada por traumas de guerra e luto mal cicatrizado, se vê soterrada por uma angústia que nenhum manual de sobrevivência pode conter — nem qualquer protocolo diplomático é capaz de dissipar.
No centro de uma Los Angeles cínica e movida a transações, “Roman J. Israel, Esq.” mergulha na trajetória de um advogado excêntrico, movido por princípios em extinção. Denzel Washington incorpora um homem à margem do sistema, cuja rigidez moral entra em colisão com a lógica corporativa, os dilemas éticos que o cercam e a erosão de sua própria identidade. Um estudo de personagem que confronta convicção, desilusão e fragilidade em tempos de conveniência.
