Filme da Netflix é um baile furioso e brutal que não te deixará piscar e não sairá de sua cabeça Noh Juhan / Netflix

Filme da Netflix é um baile furioso e brutal que não te deixará piscar e não sairá de sua cabeça

Park Hoon-jung é um especialista em desvendar a alma humana, à custa de muito sangue. A violência de seus filmes — excessiva para uns; imprescindível para outros — foi o método que encontrou a fim de promover o encontro de seus personagens consigo mesmos, um baile furioso, em que a morte tira a vida para dançar, observadas de muito perto pela honra.

Filme com Mel Gibson, na Netflix, fará você se contorcer no sofá e não o deixará piscar por 88 minutos Divulgação / SND Films

Filme com Mel Gibson, na Netflix, fará você se contorcer no sofá e não o deixará piscar por 88 minutos

“Herança de Sangue” reproduz com brilho grande parte dos lugares-comuns vistos na infinidade de produções que também exploram vivências conturbadas de pais e filhos, muito especialmente aqueles que suportam o peso de uma biografia acidentada, repleta de passagens sobremaneira acerbas. O francês Jean-François Richet faz questão de lançar toda a luz sobre a instabilidade moral da composição de seus personagens centrais, pai e filha subitamente envoltos numa bruma de violência e crime, como se dá na vida de tipos assim sem nenhuma surpresa.

Candidato ao Oscar, filme da Netflix tem 100% de avaliações positivas Divulgação / Sundance Institute

Candidato ao Oscar, filme da Netflix tem 100% de avaliações positivas

Os 349 anos de sufocação da plena cidadania dos negros na América — sem figura de linguagem, para recordar a execução por asfixia de George Floyd (1973-2020), um ex-segurança negro, morto pelo peso de Derek Chauvin, um policial branco — vêm à tona em “O Último Navio Negreiro”, o excelente documentário de Margaret Brown. Mesmo não sendo negra, Brown parece absorver no ar do Alabama onde nasceu essa atávica sofreguidão de um povo em busca do respeito merecido.

Entre o real e o alegórico, filme na Netflix revira os intestinos da máfia

Entre o real e o alegórico, filme na Netflix revira os intestinos da máfia

Com “Como Virei Gângster”, o polonês Maciej Kawulski inicia uma espécie de registro da história informal de seu país, entorpecido pela roda viva de corrupção, degenerescência de princípios e a ubiquidade de expedientes incorporados pelo estado paralelo que sói instalar-se em todos os rincões do planeta em circunstâncias assim, do proxenetismo ao narcotráfico, passando pela lavagem de dinheiro e pela sonegação fiscal.

Roteiro simplificado para ler Machado de Assis

Roteiro simplificado para ler Machado de Assis

Ao contrário do que se deu comigo em relação ao ficcionista Guimarães Rosa, o escritor Machado de Assis arrebatou-me vagarosamente, como quem se embriaga de um bom vinho tinto, cálice por cálice, até degustar do cerne da matéria-prima da videira, a se instaurar por uma experiência de envelhecimento em barril de carvalho do tempo da vida. tornei-me leitor deste genial criador do “Dom Casmurro”, que, no romance, à primeira vista, há de ser lido, sobretudo, por sua magnífica imperfeição, do que pelo domínio pleno do discurso narrativo intrínseco ao gênero literário.