“A velhice é um naufrágio”. A história de um casal que chega à idade provecta tendo apenas um ao outro até o fim, trágico e escatológico, caminha entre a poesia e a angústia, sobrepondo elucubrações acerca das falsas garantias do casamento, da descendência, de carreiras bem-sucedidas e mesmo do amor, esse fogo que arde sem se ver e parece conservar-se aceso eternamente. Não por acaso, em “Amor” Michael Haneke, um dos cineastas mais brilhantes de todos os tempos, usa a metáfora do fogo para mencionar a debacle física de seus personagens centrais.