Eu tento mas a desesperança não morre

Eu tento mas a desesperança não morre

Ninguém dá crédito a um louco, senão outro louco, o psiquiatra ou uma árvore. Se o maluco em questão for uma pessoa idosa, então, pior ainda: vai jogar palavras ao vento até que a própria brisa dele se amofine e pare de assoprar. Porque, no que tange ao solidário aparato à senectude, quanto mais atrasada uma nação, mais profunda será a amizade entre velhos, gatos e cápsulas de rivotril.

Sobre homens, árvores e amores

Sobre homens, árvores e amores

Eu quero me dar o direito de mostrar que além do vazio, e além de toda a dureza, há também no repertório do meu existir, jardins e pomares, e que, na época certa, se bem cuidados, estão sempre a florescer e frutificar, mas que para isso enfrentam chuvas fortes, cortes, secas, estiagens, como a natureza perfeitamente ordena e funciona. Eu espero que o amor seja um plantio em solo arado, preparado, cultivado, cuidado, molhado, respeitado, para na hora certa, colher os frutos ou perfumar o ar com suas flores.

Livros para ler numa ilha deserta

Livros para ler numa ilha deserta

Escrevi aqui na Bula sobre a Belo Horizonte dos escritores modernistas e, por isso, muitas pessoas ficaram curiosas em relação a Pedro Nava, pouco conhecido atualmente. Nada de novo no front: Nava, autor de seis magníficos livros de memórias, louvado pelos colegas escritores até, creio, o final da década de 80, foi depois esquecido pelos intelectuais brasileiros e parece não despertar muito interesse naqueles que poderiam divulgar a sua literatura.

Deixaram a porta aberta e Deus fugiu da igreja

Deixaram a porta aberta e Deus fugiu da igreja

A regra é rubra; os dogmas, claros. Abre aspas: “É vedado aos crentes solteiros desta igreja, não somente se afeiçoarem aos crentes de outras agremiações religiosas que também concorrem a Pimenta-do-Reino dos Céus, assim como contrair com os mesmos chato, bubão ou matrimônio. É vedado aos casais fazerem amor sobre o harmônio antes do culto, principalmente com as luzes dos castiçais acesas. Se a música e a fantasia libertam, com certeza deve ser pecado.

E afinal, você sabe de onde vem o amor?

E afinal, você sabe de onde vem o amor?

Amar vem de acreditar. É lá, no lugar seguro onde impera a confiança, que se formam as primeiras possibilidades amorosas. Lá são geradas as populações de borboletas que esvoaçam incômodas no ventre dos apaixonados, as noites memoráveis de lua e conversa, os pássaros e sons que nascem com o dia. Lá também, nos campos verdes da esperança, as paixões incendiárias refrescam seus ímpetos para aos poucos se transformar no amor que é entendimento, respeito, apreço, afeto e essas coisas que deixam a vida mais leve.