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Filme na Netflix mistura Agatha Christie, Hitchcock e máfia — e já foi chamado de O Pequeno Poderoso Chefão Divulgação / Focus Features

Filme na Netflix mistura Agatha Christie, Hitchcock e máfia — e já foi chamado de O Pequeno Poderoso Chefão

Num ateliê de corte milimétrico e silêncios calculados, um alfaiate britânico exilado em Chicago conduz seu ofício como um jogo de xadrez emocional. Cercado por mafiosos e segredos, transforma agulhas em armas simbólicas e tecidos em disfarces. O filme tensiona cada gesto com significado oculto, revelando que, às vezes, o perigo veste paletó bem ajustado e fala em voz baixa.

Jenna Ortega estrela filme ousado no Prime Video — o romance proibido que gerou debate na internet Zac Popik / Lionsgate

Jenna Ortega estrela filme ousado no Prime Video — o romance proibido que gerou debate na internet

Há filmes que provocam não por aquilo que mostram, mas pelo silêncio que insinuam. “A Garota de Miller”, de Jade Halley Bartlett, é um desses raros casos em que o verdadeiro impacto da narrativa está nas margens daquilo que é dito — ou, mais precisamente, na maneira como se escolhe dizer. Distante de qualquer leitura simplista sobre envolvimentos impróprios entre aluna e professor, o longa mergulha num território muito mais complexo: a gramática da manipulação afetiva, as simetrias imperfeitas do desejo e a desconcertante sofisticação do controle disfarçado de vulnerabilidade.

Com atuação digna de Oscar de Jake Gyllenhaal, que perdeu 10 quilos para o papel, filmaço está sob demanda no Prime Video Divulgação / Bold Films

Com atuação digna de Oscar de Jake Gyllenhaal, que perdeu 10 quilos para o papel, filmaço está sob demanda no Prime Video

Há filmes que funcionam como espelhos; outros, como lâminas. “O Abutre” escolhe o segundo caminho. Em vez de refletir, corta. Rasga a superfície das aparências e escava o que há por trás da lógica de espetáculo que sustenta a máquina midiática. O diretor e roteirista Dan Gilroy não conduz uma denúncia moralista, mas um estudo cirúrgico sobre a simbiose entre perversão e oportunidade, escancarando a complacência social com o apetite por violência travestida de informação.

Baseado em livro de José Saramago e com ecos de Dostoiévski, suspense existencial no Prime Video vai fritar seu cérebro Divulgação / A24

Baseado em livro de José Saramago e com ecos de Dostoiévski, suspense existencial no Prime Video vai fritar seu cérebro

Situações como a exposta em “O Homem Duplicado” deixariam até mesmo o Estagirita irresoluto. Um dos diretores mais refinados do cinema hoje, Denis Villeneuve confere apurada estética visual ao romance homônimo do português José Saramago (1922-2010), e o roteirista Javier Gullon aproxima o quanto pode a palavra de Saramago do estilo de Villeneuve, obtendo um efeito de tensão crescente, uma das marcas do vencedor do Nobel de Literatura de 1998.

Você vai assistir hipnotizado — e no fim, não vai saber se viu uma obra-prima ou um colapso mental (tá no Prime Video) Divulgação / Global Media Distribution

Você vai assistir hipnotizado — e no fim, não vai saber se viu uma obra-prima ou um colapso mental (tá no Prime Video)

Depois de anos fora de Budapeste, Irisz, a mocinha de “Entardecer”, volta a sua cidade, ansiando por rever a casa em que nasceu, mas só encontra a hostilidade de gente que a conhece e a despreza sem cerimônia, um sentimento que a acompanha desde sempre, agora filtrado pela luz difusa da hipocrisia. O filme do húngaro László Nemes é um vaivém de tensão de potências variadas, todas reunidas na figura de uma modista de chapéus de 1913, sozinha, vulnerável, algo narcisista e megalômana, carecendo de emprego e identidade.