Autor: Karen Curi

Meu nome é Ana. Eu tenho 33 anos, sou mãe de 2 filhos e sofro de ociofobia

Meu nome é Ana. Eu tenho 33 anos, sou mãe de 2 filhos e sofro de ociofobia

Tem pessoas com fobia de insetos, de gente, de altura, do escuro, de lugares fechados. Eu tenho fobia do ócio, de não fazer nada, de sentir o tempo passando e não estar fazendo nada com ele. Acordo com uma ampulheta imaginária ao meu lado, contando os meus segundos de vida. Pior que isso. É como se eu tivesse que prestar conta à um fiscal sobre tudo que eu fiz. Mais tenebroso ainda. É como se eu tivesse que dar satisfação das coisas que deixei de fazer, aprender, viver.

Amor: serviço temporariamente indisponível. Por favor, volte mais tarde

Amor: serviço temporariamente indisponível. Por favor, volte mais tarde

Sem disponibilidade não dá. Não dá para o gasto, aliás, não dá nem para começar. Quando não estamos disponíveis não tem conselho no mundo, nem empurrão de melhor amigo, que mude os nossos ânimos. Não adianta forçar para que dê trégua, para que dê samba, para que o romance engrene, para que o querer seja honesto. Ou estamos dispostos, ou não. Simples assim. E muitas vezes não estamos a fim mesmo. Por preguiça de começar tudo de novo, por cansaço, ou porque o coração deixou de soltar faísca. Como diz o velho e sábio ditado: não se mexe em time que está ganhando. E você está em vantagem, assim, quieta no seu canto, sem dar bola para ninguém.

O amor acabou. Às vezes o para sempre acaba. Mas a gente finge que não vê

O amor acabou. Às vezes o para sempre acaba. Mas a gente finge que não vê

Eu permaneço, tu permaneces, ele permanece. Por que então nós permanecemos aqui, injuriados e desmotivados? Por que não viramos a mesa, não abandonamos o barco, não mandamos tudo para o espaço? Ora, porque acreditamos! Em alguém ou alguma coisa. Só por isso. Ah, se não fosse esse restinho de esperança que habita o nosso peito cansado e sofredor… Uma horas dessas já teríamos partido para outro lugar, outros braços, outra vida seguramente mais excitante do que essa que empurramos agora.