Autor: Graça Taguti

Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas

Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas

Aprende-se a viver mais de mansinho, a morrer sem estardalhaço, a trocar a costumeira arrogância por duas doses de humildade. A trancar mentiras feias nas gavetas da consciência. Aprende-se a buscar rotinas mais éticas, um corpo mais harmonioso, relações mais mágicas e férteis, no amor e no trabalho. Aprende-se a dançar um tango vertiginoso, embebido em estrógenos e testosteronas que circulam sem parar pelos salões da tentação.

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

Quem nunca sentiu em plena luz do dia o mundo cinzento e circunspecto à sua volta, levante a mão. As palavras saindo da boca sem ordem e sem juízo. O discurso atrapalhado, estendendo os braços por detrás de sentenças inteiras sobrepostas umas sobre as demais. Brincadeira ainda verde de cabra-cega, esgueirando os restos de infância através de um corpo decididamente maduro. Quem nunca ansiou compor de quietude seus gestos e de apaziguamento sua mente? Confesse enquanto há tempo.

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Ignorância, brutalidade ou primitivismo é o que não faltam mesmo nas mais abastadas famílias, rodeadas de caviar e etiquetas. Todo mundo, não dá para negar, carrega pedras na alma. Raiva e lodo por detrás de sorrisos quase imaculados. Cegueiras de todo o tipo, que nos impedem de enxergar a fertilidade e o despertar delicado de certas relações ou de belos e abençoados momentos da natureza. Os olhares licorosos perdidos no pôr do sol, um modo especial de acariciar seu bichinho de estimação.

Tem mãe que não presta nem quando vai  parir

Tem mãe que não presta nem quando vai parir

Tem mãe que não presta para ser mulher. Muito menos serve para existir sobre a face desta cambaleante terra. Mas, você sabe, existem as tais das convenções civilizatórias que teimam, num ato reflexo, em colocar na redoma, incensar como deusa, aquela nobre e pretensamente santa criatura que nos deu à luz. Ok, é fato que muitos de nós logo advertiremos termos sido aquinhoados pelas melhores mães do mundo. Importa então esclarecer — ninguém está aqui imbuído do papel de discutir tais afirmações, nem tampouco retrucar tal veemência nesta assertividade.

Já que a vida não para, jogue a paciência no lixo

Já que a vida não para, jogue a paciência no lixo

Alguém já arriscou equivaler a paciência à força motriz de realizações. Prima-irmã da determinação. Enteada da teimosia. Alicerce de construções esmeradas. Sem ela, aliás, qualquer ensejo de virtuosismo se perde. Conquistar a primazia de atuar como primeiro violino de uma orquestra. O pianista aclamado em plateias universais. O talentoso arquiteto de suaves jardins orientais. Porém urge não confundir a paciência com a espera. A segunda é passiva, inerte, quase resignada. Embora afirmem que quem espera sempre alcança.