Autor: Beto Silva

Partindo para novos desafios

Partindo para novos desafios

No LinkedIn, ninguém é demitido: todo mundo está “partindo para novos desafios”. A expressão virou eufemismo corporativo para desemprego, cortes em massa e viradas forçadas de carreira. Na nova gramática do mundo do trabalho, não há mais crise: há transição. Mas, afinal, o que significam esses tais desafios? E como enfrentá-los quando o desafio principal é pagar os boletos? Nesta crônica, uma conversa sincera — e bem-humorada — com quem está na dura missão de reinventar a si mesmo entre cursos online, posts motivacionais e aulas de direção.

As sete big bilionárias

As sete big bilionárias

Esse texto que você está lendo agora, por exemplo, foi escrito no Word da Microsoft, vai ser divulgado pelo Facebook da Meta ou pelo Instagram, que é da Meta também, ou pelo Twitter, que é do Elon Musk. Certamente será lido em algum celular, que no meu caso é da Apple, mas poderia ser da Sansung, que usa o Android da Google. Para escrever eu tive que consultar o Google para descobrir que a sétima empresa era a Nvidia, que por sinal deve ter algum chip envolvido nessa parada.

A certeza da incerteza

A certeza da incerteza

Muito se fala sobre os dilemas da adolescência, mas pouco se discute o que acontece quando um adolescente simbólico ocupa o cargo mais poderoso do planeta. Com atitudes impulsivas, vaidade exagerada e um desprezo quase divertido por consequências, Trump encarna o arquétipo do jovem mimado com poder demais nas mãos. Seus decretos performáticos, suas falas narcisistas e sua relação com o espelho sugerem mais um garoto entediado do que um estadista. Em vez de governar, ele joga — com o ego, com o país, com o mundo. A economia reage com espanto, os analistas se confundem, e a única certeza parece ser a incerteza.

Orçamento secreto

Orçamento secreto

Na casa deles, o arroz e o feijão viraram artigo de luxo. Para comprar, só com emenda aprovada. O orçamento doméstico acabou — agora tudo funciona como no Congresso. Playstation, maquiagem e Coca-Cola já foram liberados com voto unânime dos filhos. A mãe, sem cartão e sem comida, ficou com o discurso. O pai se elegeu presidente da Comissão das Emendas numa sessão extraordinária de domingo. Transparência? Só se for no rótulo da Coca-Cola. Bem-vindo ao Orçamento Secreto em versão família.

O estranho caso do brasileiro que chega na hora

O estranho caso do brasileiro que chega na hora

Pontualidade, no Brasil, é quase um ato de rebeldia. Eu, por algum motivo obscuro, ainda insisto em chegar na hora. Não é por virtude — é costume, talvez teimosia. E, por causa disso, me vejo sempre na posição ingrata de quem espera. Espera pessoas, espera reuniões, espera o país entender o conceito de relógio. Enquanto isso, finjo que não estou irritado — mas estou.