O melhor filme de ação de 2024: Emily Blunt e Ryan Gosling no maior espetáculo visual do ano, no Prime Video Divulgação / Universal Pictures

O melhor filme de ação de 2024: Emily Blunt e Ryan Gosling no maior espetáculo visual do ano, no Prime Video

“O Dublê” se apresenta como uma obra de entretenimento refinado, comandada por alguém que compreende profundamente os mecanismos do cinema de ação. David Leitch, cuja trajetória em Hollywood começou como dublê nas cenas mais perigosas, revisita sua origem ao dar vida a Colt Seavers, interpretado por Ryan Gosling. Este último, frequentemente comparado a Clint Eastwood, emerge como uma figura multifacetada, trazendo ao papel uma versatilidade que supera a do veterano e reafirma sua posição como um ícone contemporâneo do cinema. Leitch, por sua vez, é um exemplo raro de transição bem-sucedida de funções técnicas, muitas vezes invisíveis, para a direção, entregando filmes que, embora sem pretensões excessivas, atingem plenamente seus objetivos, como evidenciado em “Trem-Bala” (2022) e “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” (2019). Em “O Dublê”, sua parceria com Gosling resulta em uma narrativa desenfreada e cheia de absurdos, equilibrada por momentos visuais impressionantes e pela homenagem velada à resiliência e ao anonimato dos profissionais que arriscam tudo para garantir cenas memoráveis.

A trama começa com um acidente espetacular: Colt despenca de um arranha-céu, mas um cálculo errado transforma a façanha em desastre. Quase dois anos depois, ele vive à margem, trabalhando como manobrista em uma lanchonete modesta de Los Angeles. Sua rotina muda quando Gail Meyer, produtora associada a Jody Moreno, o encontra e o persuade a retornar ao cenário cinematográfico, atendendo a um pedido da chefe. Em meio a um roteiro engenhoso, assinado por Glen A. Larson e Drew Pearce, um sutil fio romântico é tecido entre Colt e Jody, cuja memória sobre ele parece ter sido apagada pelo tempo.

As cenas que envolvem Gosling e Hannah Waddingham destacam-se pela química e pela construção cuidadosa de suas interações, preparando o espectador para a entrada triunfal de Emily Blunt. Na pele de uma produtora implacável, Blunt domina tanto o filme quanto o “filme dentro do filme”, reforçando a complexidade da narrativa. Essa metalinguagem, embalada pelo icônico hit “I Was Made for Lovin’ You” (1979), do Kiss, injeta um charme pop à produção. Ao revisitar a estética e a alma dos grandes sucessos de Hollywood, Leitch cria um tributo nostálgico a uma época em que a computação gráfica desempenhava um papel secundário, permitindo que a ação visceral e as performances físicas fossem o verdadeiro espetáculo.

“O Dublê” é, portanto, uma celebração do cinema como experiência sensorial e emocional, um lembrete de que, mesmo em um mundo saturado por efeitos digitais, o elemento humano ainda é o que mantém a magia viva.

Filme: O Dublê
Diretor: David Leitch
Ano: 2024
Gênero: Ação/Comédia/Romance
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★