O primeiro filme do Prime Video a ultrapassar a marca de 500 dias no Top 10 mundial Divulgação / Prime Video

O primeiro filme do Prime Video a ultrapassar a marca de 500 dias no Top 10 mundial

As relações humanas costumam fugir a qualquer tentativa de padronização, e o amor, com todas as suas nuances, segue sendo um campo fértil de desencontros e contradições. Alguns vínculos parecem exigir a superação de obstáculos invisíveis, mas intransponíveis, para que a felicidade possa, finalmente, se estabelecer. “Minha Culpa”, dirigido por Domingo González, explora essa ideia ao abordar os desafios que permeiam os relacionamentos marcados pela tensão entre paixão e conflito.

Em sua primeira incursão como diretor de longa-metragem, González demonstra sensibilidade ao capturar os dramas internos de seus personagens, acertando ao revelar suas vulnerabilidades e desejos mais profundos. No entanto, o longa tropeça ao tentar sugerir padrões de comportamento que, além de pouco críveis, esbarram em dilemas morais que os próprios personagens estão longe de resolver.

A trama acompanha a trajetória de Noah, uma jovem à procura de respostas para inquietações que ela mesma não consegue definir. Em meio a um momento de ruptura, a protagonista é forçada a encarar lembranças conflitantes enquanto arruma suas coisas em um quarto repleto de memórias. No entanto, é a chegada de Rafaella, sua mãe, que realmente muda o curso de sua vida. Interpretada por Marta Hazas, Rafaella carrega consigo a leveza típica de quem pouco se preocupa com as consequências de suas decisões.

Em busca de uma nova vida, ela leva a filha para morar com seu novo marido, William Leister, interpretado por Iván Sánchez. A casa onde vivem, repleta de luxo e cercada por jardins exuberantes, contrasta com a ausência de elementos mais pessoais, como uma biblioteca. Inicialmente hostil ao novo ambiente, Noah aos poucos se rende à grandiosidade do local, mas sua expressão, sempre carregada de dúvidas, revela uma inadequação latente. O sentimento de deslocamento cresce à medida que ela é forçada a participar de eventos sociais onde futilidade e arrogância imperam, tudo isso enquanto tenta lidar com uma emoção inesperada e perturbadora.

Na segunda metade do filme, González foca no envolvimento de Noah com Nick, seu meio-irmão interpretado por Gabriel Guevara. Ao mesmo tempo, o roteiro explora subtramas mais densas, como a presença de Ronnie, vivido por Fran Berenguer, um líder de gangue que se torna peça central no círculo de intrigas dos ricos. O personagem, com sua presença marcante, adiciona uma camada de tensão e perigo à narrativa.

A performance de Guevara, por sua vez, reflete a ambiguidade de um romance proibido, que ressoa como uma releitura contemporânea de “As Ligações Perigosas”, obra de Choderlos de Laclos. “Minha Culpa”, ao revisitar esses temas, apresenta uma combinação de referências clássicas e situações modernas, construindo uma narrativa que, embora cheia de clichês, busca capturar a essência das complexas relações humanas, onde paixão e poder se entrelaçam de forma inevitável.

Filme: Minha Culpa
Diretor: Domingo González
Ano: 2023
Gênero: Drama
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★