Escrito pelos irmãos Coen e Richard Gravenese, filme indicado a 3 Oscars e outros 30 prêmios está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Escrito pelos irmãos Coen e Richard Gravenese, filme indicado a 3 Oscars e outros 30 prêmios está na Netflix

Angelina Jolie, conhecida tanto por seu trabalho diante das câmeras quanto por trás delas, apresenta uma direção inspirada no filme “Invencível”, que conta a história impressionante de Louis Zamperini, um atleta olímpico transformado em herói de guerra. Baseado no best-seller de Laura Hillenbrand, “Invencível — Uma História Real de Coragem, Sobrevivência e Redenção”, o filme vai além de um simples relato de guerra, destacando-se pela profundidade com que explora a resiliência humana.

Desde o primeiro momento, é evidente que “Invencível” busca algo mais do que as tradicionais narrativas de guerra. A sequência de abertura, um intenso bombardeio aéreo durante a Segunda Guerra Mundial, destaca a habilidade dos soldados, jovens e vigorosos, que se mostram destemidos e focados, mesmo sob uma chuva de balas. Esse vigor é crucial para a imersão do espectador na narrativa que se desenrola logo após a danificação da aeronave B-29 Superfortress, comandada por Russel Allen Phillips, interpretado por Domhnall Gleeson. O papel de Gleeson traz à tona a complexidade de um líder que coloca o bem-estar de seus subordinados acima de tudo, caracterizando-se como um humanista que equilibra a coragem com a compaixão.

No entanto, o verdadeiro centro de gravidade da obra é Jack O’Connell, cuja interpretação de Louis Zamperini o coloca no radar como um dos talentos mais promissores de sua geração. O’Connell personifica Zamperini com uma intensidade que capta tanto a força física quanto a vulnerabilidade emocional do personagem. Sua trajetória como um atleta olímpico, que acaba se alistando para lutar ao lado dos Aliados, é mostrada em rápidos flashes, intercalando momentos de dor extrema com recordações de sua glória passada nas pistas de corrida. Jolie aproveita ao máximo o talento de O’Connell, exibindo um desempenho visceral, em que o personagem é levado ao limite, tanto física quanto mentalmente.

O filme também encontra um antagonista à altura em Takamasa Ishihara, conhecido como Miyavi, que encarna o oficial japonês Mutsushiro Watanabe, o qual submete Zamperini a torturas desumanas. Miyavi traz uma dualidade ao papel de Watanabe, tornando-o tanto cruel quanto enigmático, sugerindo uma complexidade interna que vai além da pura maldade. Essa dinâmica entre vítima e algoz intensifica a tensão do filme, mantendo o espectador constantemente em suspense.

“Invencível” explora as transformações que a guerra impõe aos indivíduos, não apenas fisicamente, mas também em termos de caráter e moralidade. A beleza juvenil dos soldados, que Jolie explora nos momentos iniciais, contrasta fortemente com as versões desfiguradas e marcadas pelo sofrimento que vemos mais adiante. Essa transformação remete ao impacto brutal da guerra sobre a juventude, semelhante ao que é retratado em “Nada de Novo no Front”, de Edward Berger, uma adaptação do romance de Erich Maria Remarque. Ambos os filmes abordam a desilusão e o desgaste de jovens que, no início, partem para a guerra com sonhos e ideais, mas acabam confrontados com uma realidade devastadora.

“Invencível”, na Netflix, é mais do que um filme de guerra; é um estudo sobre a tenacidade do espírito humano diante de adversidades esmagadoras. Jolie demonstra um olhar apurado ao capturar os aspectos mais íntimos dessa história de sobrevivência, sem deixar de lado as duras realidades da guerra. O resultado é uma obra que ressoa tanto pela sua narrativa quanto pela profundidade emocional que transmite.


Filme: Invencível
Direção: Angelina Jolie
Ano: 2014
Gêneros: Guerra/Drama
Nota: 9/10