Visto por mais de 30 milhões de espectadores, fenômeno da Netflix vai te fazer se sentir como um detetive profissional Alex Bailey / Netflix

Visto por mais de 30 milhões de espectadores, fenômeno da Netflix vai te fazer se sentir como um detetive profissional

A continuação das aventuras de Enola Holmes, baseada na série de livros de Nancy Springer que reimagina o universo do icônico detetive Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle, destaca-se por seu viés marxista e feminista. Nesta nova fase, Enola (interpretada por Millie Bob Brown) tenta estabelecer sua carreira como detetive independente, mas a sombra de seu irmão mais famoso, Sherlock (Henry Cavill), dificulta seu progresso. Sem clientes e à beira do fracasso, sua sorte muda quando Bessie (Serrana Su-Ling Bliss) pede ajuda para encontrar sua irmã desaparecida, Sara (Hannah Dodd).

Inicialmente, Enola encontra dificuldades para desvelar o mistério do desaparecimento de Sara. Contudo, ao desvendar uma mensagem cifrada em uma carta de amor dirigida à jovem desaparecida, a investigação ganha impulso. Simultaneamente, Sherlock se depara com um desafio próprio, investigando uma figura enigmática que o provoca com anagramas, incitando um jogo de inteligência.

A capacidade de Enola é frequentemente posta à prova, não apenas por outros, mas por ela mesma. À medida que a narrativa avança, descobrimos que o desaparecimento de Sara está interligado a uma conspiração em meio à Inglaterra industrial. Uma fábrica de fósforos, cujos produtos envenenam e matam as jovens trabalhadoras, é o epicentro deste esquema. Os donos da fábrica, aliados a autoridades corruptas, tentam disfarçar as mortes como casos de tifo para evitar responsabilidades. No decorrer da investigação, Enola também desenvolve um relacionamento com Tewkesbury (Louis Partridge), um parlamentar comprometido com a justiça.

A obra de Springer, já familiarizada com o público desde a primeira história, aprofunda ainda mais a representação feminina nesta sequência. Mulheres ocupam todos os papéis significativos, sejam heroínas, vilãs, ou figuras revolucionárias, enfrentando a subestimação masculina enquanto lideram a trama. Além disso, a narrativa denuncia a exploração capitalista e como os poderosos manipulam os sistemas para seus benefícios, mas essas mulheres lutam para mudar esse cenário.

“Enola Holmes 2”, na Netflix, combina elementos de comédia, ação, aventura, mistério, romance e crítica social, criando uma experiência rica e envolvente. Cada detalhe é crucial para o desenvolvimento do enigma central, mantendo o espectador atento e investido na resolução ao lado de Enola. Para aqueles que acreditam na ascensão das mulheres e em sua capacidade de liderar com mais eficiência e compaixão, este filme é imperdível, oferecendo entretenimento enquanto provoca reflexões importantes e contemporâneas, sem cair no panfletarismo.


Filme: Enola Holmes 2
Ano: 2022
Direção: Harry Bradbeer
Gênero: Aventura
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.