Suspense de ação com Sasha Luss e Helen Mirren é um dos melhores filmes da Netflix Shanna Besson / Paris Filmes

Suspense de ação com Sasha Luss e Helen Mirren é um dos melhores filmes da Netflix

Narrativas com mulheres deslumbrantes que se revelam assassinas implacáveis, ocultando sua natureza predatória sob aparência impecável, cabelos sedosos e maquiagem atraente, ou conquistam o público imediatamente, utilizando esses atributos físicos para chegar a profundos dramas pessoais, ou se perdem em tramas ambiciosas e reviravoltas artificiais que acabam sem rumo.

“Anna — O Perigo Tem Nome” navega entre esses extremos com um equilíbrio preciso, típico de um cineasta que lança iscas para distrair a audiência, enquanto revela seu lado manipulador no roteiro. Besson mistura elementos de suas protagonistas mais memoráveis e polêmicas para criar uma terceira anti-heroína que dá nome a mais um grande filme. Em Anna Poliatova, a nova personagem, encontramos traços de Lucy, a vingativa de “Lucy” (2014), e Mathilda, a jovem protegida de um assassino em “O Profissional” (1994). No entanto, Anna é singular.

Em uma feira de rua em Moscou, Anna vende matrioscas, aquelas bonecas russas que abrigam outras menores em seu interior, um simbolismo engenhoso de Besson sobre o que pode emergir da personagem. Descoberta por um olheiro de uma agência de modelos francesa, Anna, apesar de hesitar devido a seus estudos de biologia na Universidade Estatal, aceita o convite.

A partir desse ponto, o diretor constrói uma série de cenas em que Anna, fortalecida pelo carisma magnético de Sasha Luss, se infiltra no mundo da alta moda, desde o apartamento caótico onde vive com outras aspirantes a modelo no 7º arrondissement de Paris, próximo à Torre Eiffel, até seu primeiro ensaio fotográfico ao som de “Pump Up the Jam” do Technotronic, que não termina bem. Se ela se destaca ou não para Mario Conti é irrelevante; o crucial é a transformação de Anna de modelo para assassina de aluguel, com sua primeira missão sendo eliminar um magnata russo que, conforme o roteiro de Besson revela, é um traficante de armas financiado pela CIA.

Um longo flashback mostra Anna presa em um relacionamento abusivo e criminoso, quase caindo na cadeia por extorsão, até ser salva por Alex, um agente da KGB que descobre seu passado como fuzileira naval, seu talento no xadrez e memória excepcional, especialmente para citações de Dostoiévski. Anna e Alex, interpretado por Luke Evans, desenvolvem um caso de amor intenso — especialmente por parte dele —, determinante para que ela seja recrutada por Olga, a diretora do Comitê de Segurança do Estado.

A introdução de Helen Mirren como Olga leva “Anna — O Perigo Tem Nome” a um ritmo policial envolvente, até a cena em que Olga, com retratos de Lenin e Trotsky ao fundo, cumpre uma antiga promessa e apaga os arquivos que poderiam comprometer Anna, a quem passou a considerar como uma filha. No fim, até as velhas serpentes soviéticas sabem reconhecer a derrota.


Filme: Anna — O Perigo Tem Nome
Direção: Luc Besson
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 9/10