O tempo avança sem qualquer misericórdia, ignorando as esperanças e os desejos dos homens, indiferente às aspirações que jamais se concretizarão. Esse fluxo contínuo envolve tudo que ocorre na Terra, desintegrando e dispersando o que foi, deixando rastros que, ocasionalmente, alguém consegue decifrar. A História é composta por figuras que, de modo paradoxal, permanecem ignoradas pelas gerações seguintes, por inúmeras razões lamentáveis.
Embora as sociedades modernas enfrentem dificuldades para garantir a liberdade de opinião e expressão, há progressos notáveis nessa área. No entanto, as injustiças do passado não desaparecem facilmente, e o desconhecimento sobre a importância e o legado dessas figuras persiste. Mesmo assim, seus feitos acabam sendo reconhecidos, influenciando e desafiando as frágeis estruturas estabelecidas desde sua existência.
Continuamos a lutar contra a solidão, apesar do desejo inato de isolamento, buscando nos ajustar às expectativas alheias. As dores persistem, mesmo após o tumulto da vida se acalmar, e o sono, longe de trazer paz, revive memórias do passado. Ao longo da história humana, muitos ousaram desafiar seus destinos, alterando o curso de suas vidas e impactando a sociedade que os negligenciava.
Escravos, símbolos de uma era que teima em retornar sob novos tiranos, são lembrados como vítimas de extrema opressão, mas também como resistentes. Antes de mencionar a erupção do Vesúvio em 79 d.C., Paul W.S. Anderson transforma “Pompeia” em um épico sobre coragem e resiliência, centrado em um homem que, subjugado pelo terror e poder de sua época, encontra forças para sobreviver e buscar vingança.
Os roteiristas Janet Scott Batchler, Lee Batchler e Michael Robert Johnson introduzem o filme com uma citação de Plínio, o Jovem, descrevendo o caos antes da erupção. A escuridão, tanto física quanto espiritual, leva os celtas a se rebelarem contra a dominação romana. Milo, muitas vezes chamado apenas pelo nome de seu povo, exibe grande habilidade com a espada e os cavalos, liderando a revolta, mas sem sucesso. Ao contrário de seus companheiros, que são executados, Milo é enviado a Pompeia, no coração do Império Romano.
Nos primeiros dois atos, Anderson mescla habilmente a vida de Milo como escravo e seus sonhos de liberdade, com um romance emergente com Cássia, filha de Severus, interpretado por Jared Harris, o governante de Pompeia. Emily Browning se destaca em seu papel, especialmente quando o vulcão entra em erupção, simbolizando a impotência diante da catástrofe iminente. Apesar do foco reduzido no desastre em si, a luta de Milo e Atticus, o escravo interpretado por Adewale Akinnuoye-Agbaje, na arena dos gladiadores, é um dos pontos altos do filme, exemplificando a destreza e a intensidade da narrativa.
Filme: Pompeia
Direção: Paul W.S. Anderson
Ano: 2014
Gêneros: Drama/Ação/Aventura
Nota: 8/10