O filme perturbador e brutal que vai te deixar sem sono à noite, na Netflix Divulgação / Yale Productions

O filme perturbador e brutal que vai te deixar sem sono à noite, na Netflix

Pais e filhos, frequentemente, são unidos por um vínculo delicado, mas firme, que se estende muito além do término de tudo. Embora ninguém seja realmente insubstituível e as crianças, apesar de parecerem frágeis, não se deixem dominar facilmente — nem mesmo por aqueles que as amam incondicionalmente — “Na Companhia do Mal” nos faz refletir sobre essas questões de forma intensa.

A obra dirigida por William Brent Bell mescla o drama familiar com um terror psicológico calculado, que, embora angustiante, é tratado com sutileza. As cenas perturbadoras são orquestradas com precisão, abalando certezas de forma meticulosa. O excelente roteiro de Nick Amadeus e Josh Braun não cede espaço às dúvidas e permite que o elenco brilhe, tornando essa narrativa quase realista.

Na abertura, um casal enfrenta o sofrimento crescente da separação. Maggie Vahn, uma advogada, está cansada dos dilemas existenciais de seu marido, Jeff, um cartunista que outrora fora bem-sucedido, mas que agora se vê desempregado, incapaz de se adaptar às normas sociais comuns. A fúria de Maggie, influenciada por seu pai Paul Rivers, um renomado jurista de Nova York, cresce, e ela decide pelo divórcio, culpando Jeff por suas frustrações e pelo que eles perderam.

A personagem de Maggie, que poderia facilmente se transformar em uma caricatura grotesca, é interpretada por Mamie Gummer com habilidade. Gummer equilibra a vilania e a esperança silenciosa de que Jeff mude, mantendo um amor ambíguo pelo marido de quem deseja se separar.

Esse cenário desencadeia acusações patéticas de sexismo, especialmente após Maggie ser fatalmente atropelada nos arredores da Sexta Avenida. Suas últimas palavras, carregadas de raiva, parecem uma maldição sobre Jeff, com quem disputava a guarda de Jennifer, a filha do casal. Isso leva a narrativa a uma fase sombria, onde o feminismo militante ganha destaque.

Jeff, naturalmente, fica com Jenny e herda o vasto patrimônio da falecida esposa, incluindo uma luxuosa casa em Greenwich Village. Ele e o sogro passam o restante do filme em conflitos aparentes pelo bem-estar da garota. Rupert Friend retrata de forma convincente este homem confuso, perdido, profundamente amoroso em relação à filha, e disposto a enfrentar o sogro poderoso para manter sua custódia, apesar de preferir evitar o confronto.

Friend faz a ponte entre as cenas em que Brian Cox quase rouba a cena, embora ambos sejam ofuscados pelo carisma de Violet McGraw, que interpreta uma criança assustada com as manifestações sobrenaturais da mãe. O desfecho previsível envolve a babá imperfeita interpretada por Madeline Brewer, mas, a essa altura, “Na Companhia do Mal” já nos fez questionar a instituição do casamento e a confiança nos parentes várias vezes.


Filme: Na Companhia do Mal
Direção: William Brent Bell
Ano: 2021
Gêneros: Terror/Mistério
Nota: 9/10