Com 100% de avaliações positivas no Rotten Tomatoes, obra-prima do cinema europeu está no Prime Video Divulgação / FilmTeknik

Com 100% de avaliações positivas no Rotten Tomatoes, obra-prima do cinema europeu está no Prime Video

Indicado a 3 Oscars, o cineasta sueco Lasse Hallström tem diversos filmes aclamados, como “Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador”, “Chocolate” e “A 100 Passos de um Sonho”. Entre suas maiores obras-primas está “Minha Vida de Cachorro”, que recebeu indicações da Academia nas categorias de Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado.

O longa-metragem poderia ser um filme de amadurecimento, mas é mais sobre como a tragédia espreita sem distinção. Até mesmo as crianças estão sujeitas a caírem em suas garras. O protagonista, Ingemar (Anton Glanzelius), é um garotinho de 11 anos, na transição da infância para a adolescência. Ele é extremamente inteligente e constantemente está pensando na cachorra Laika — lançada ao espaço para uma morte solitária. Mas não é sem motivos. Assim como a cadela, Ingemar se sente isolado e solitário. Laika foi para o espaço e, portanto, está distante. Ingemar constantemente também nos lembra sobre a importância de se distanciar dos próprios problemas para enxergar como as coisas poderiam ser piores do que são.

Ingemar, no entanto, é só um menino que mal consegue controlar as próprias ações. Ele está sempre se metendo em confusões, porque seus impulsos são mais fortes do que a razão. A mãe (Anki Lidén), está muito doente de tuberculose e conforme o filme se desenrola, ela fica cada vez mais debilitada e sua imagem distante daquela alimentada na lembrança do filho.

O menino se recorda da mãe com lirismo, à beira do lago, lendo seus livros e rindo das histórias que ele conta. Os dois se divertem e a tristeza parece longe. No entanto, agora consumida pela doença, qualquer mal comportamento do filho se torna um peso grande demais para que ela consiga suportar. Diante das contantes travessuras de Ingemar, ele é levado para passar uma temporada na casa do tio Gunnar (Tomas von Brömssen), em uma pequena vila excêntrica como seus moradores irremediavelmente comuns e ao mesmo tempo peculiar — por mais contraditório que pareça, é mais fácil entender quando se assiste ao filme.

Durante esse período, ele encara uma série de situações cômicas e tristes, nos lembrando de como a vida pode ser dualista. Não é nenhuma surpresa que a mãe do menino morra em algum ponto do filme, partido seu coração e fazendo-o chorar com a cara enfiada no travesseiro. Ingemar quer dizer para a mãe que ele não a matou. A dolorosa afirmação mostra a culpa do menino por não ter conseguido se comportar o bastante para amenizar o sofrimento da mãe. Ele ainda pergunta o por que ela o abandonou. Sendo que a realidade é que sua mãe já não tinha mais condições de criá-lo.

Apesar de sentimental, como é comum de Lasse Hallström, “Minha Vida de Cachorro”, no Prime Video, não é um melodrama. Pelo contrário, navega entre o humor e o drama com bastante equilíbrio, temperando as cenas mais apimentadas com doçura. Parece contraditório, e é.

Autobiográfica, a história é adaptada do livro de Reidar Jönsson sobre sua própria infância na década de 1950. O longa-metragem é um dos maiores clássicos do cinema sueco, ressoando através do tempo e fortalecendo a fama das boas produções do país.


Filme: Minha Vida de Cão
Direção: Lasse Hallström
Ano: 1985
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 9/10