Profundo e inteligente, romance nada bobinho na Netflix vai te fazer refletir sobre autoaceitação e autoestima Jacob Yakob/LD Entertainment

Profundo e inteligente, romance nada bobinho na Netflix vai te fazer refletir sobre autoaceitação e autoestima

Os transtornos mentais continuam sendo um assunto delicado, embora hoje em dia possamos abordá-los com mais abertura, sinceridade e até um pouco de humor. Embora sejam questões sérias, abordá-las com uma perspectiva mais leve nos permite enxergá-las de uma forma menos pesada e negativa.

Ansiedade, depressão, TOC, psicopatia, sociopatia, bipolaridade e outros distúrbios já foram explorados de diversas maneiras no cinema. Em “Palavras nas Paredes do Banheiro”, o diretor alemão Thor Freudenthal nos oferece uma visão sensível, empática e menos estereotipada da esquizofrenia. Inspirado no romance homônimo de Julia Walton, o filme nos convida a mergulhar nas complexidades desse transtorno.

O enredo gira em torno de Adam (Charlie Plummer), um adolescente no último ano do ensino médio, que é expulso após um surto psicótico em sala de aula. Transferido para uma escola católica, ele tem a oportunidade de concluir os estudos e seguir seu sonho de se tornar chef. No entanto, a descoberta de sua esquizofrenia coloca em risco seus planos.

No banheiro da escola, as paredes são testemunhas dos segredos dos alunos. É lá que Adam conhece Maya (Taylor Russell), uma garota inteligente e perspicaz, que ganha dinheiro fazendo trabalhos acadêmicos para os colegas. A conexão entre eles é instantânea, e Adam contrata Maya para lhe dar aulas particulares.

À medida que os dias passam, Adam e Maya se aproximam cada vez mais. No entanto, há segredos entre eles que custam a ser revelados. Enquanto Maya oculta as dificuldades financeiras de sua família, Adam esconde sua esquizofrenia. Essas revelações, quando surgem, testam os limites de sua relação.

O filme adota uma narrativa em que Adam parece estar conversando com seu psiquiatra. Sua abordagem compassiva e bem-humorada diante de situações assustadoras e desconcertantes nos permite enxergar o protagonista como uma pessoa comum, enfrentando seus desafios.

As alucinações e a falta de cura para a esquizofrenia continuam sendo aterrorizantes, mas é a maneira sutil como a história é contada e como Adam enfrenta seu problema que nos aproxima do personagem. A fotografia de Michael Goi nos mergulha nas emoções do protagonista, nos fazendo sentir como se estivéssemos dentro de sua mente.

Maya, cujo nome significa “ilusão”, é uma figura significativa na vida de Adam. Apesar das visões perturbadoras, ela é sua âncora na realidade. Enquanto enfrenta desafios em casa, como a gravidez inesperada da mãe, Adam encontra conforto nos diálogos emocionantes com sua família.

“Palavras nas Paredes do Banheiro”, na Netflix, é uma comédia romântica dramática inteligente e terna, que oferece uma perspectiva carinhosa sobre os transtornos mentais. A história de Adam pode ressoar com muitos jovens que enfrentam desafios semelhantes, mostrando que eles não estão sozinhos em suas lutas.


Filme: Palavras nas Paredes do Banheiro
Diretor: Thor Freudenthal
Ano: 2020
Gênero: Romance / Comédia / Drama
Nota: 9/10