Remake francês da Netflix é um dos filmes mais assistidos do mundo em 2024

Remake francês da Netflix é um dos filmes mais assistidos do mundo em 2024

Recomeçar a vida é uma tarefa árdua, digna de verdadeiros guerreiros, sobretudo quando é difícil desvencilhar-se dos antigos cenários que testemunharam o nascimento de hábitos nocivos, agora enraizados. Um grupo diversificado, porém unido, retoma suas atividades movido por razões singulares e altruístas no filme “A Coragem Sob Fogo”, uma versão moderna dirigida por Julien Leclercq do emblemático “O Salário do Medo”, originalmente dirigido por Henri-Georges Clouzot e baseado na obra de Georges Arnaud, lançado em 1953.

Leclercq moderniza a trama envolvendo quatro indivíduos desesperados, um veículo deteriorado e um perigoso carregamento de nitroglicerina, atualizando o elenco para incluir uma personagem feminina na narrativa, um aceno aos tempos atuais. Essa nova abordagem contrasta, mas dialoga com a obra de Clouzot, cujo elenco original incluía nomes como Yves Montand e Charles Vanel, mantendo-se fiel aos elementos inovadores da versão de sete décadas atrás, como a manipulação da tensão através da cinematografia.

Leclercq, apoiado pelos avanços tecnológicos, recria habilidosamente a dinâmica e a tensão da história original, elementos que consagraram Clouzot com prêmios prestigiosos como a Palma de Ouro e o BAFTA. Apesar disso, a performance inconsistente do elenco na nova adaptação dilui o impacto potencial da narrativa.

Ambientado em uma localidade fictícia e tumultuada, o enredo gira em torno de uma usina solar que produz nitroglicerina para acelerar a refinação de petróleo. Um incidente inesperado convoca o grupo liderado pelos personagens de Alban Lenoir e Franck Gastambide, que se aliam a mercenários interpretados por Ana Girardot e Sofiane Zermani. A decisão de Leclercq e do co-roteirista Hamid Hlioua de não nomear os personagens adiciona um tom de fatalidade ao enredo, embora ocasione confusão em determinados momentos.

O filme explora as complexidades e motivações de cada personagem, embora perca-se em reflexões filosóficas superficiais. Leclercq tenta aprofundar o passado dos personagens com flashbacks, mas falha em desenvolver integralmente as histórias de Girardot e Zermani, cujas atuações são subutilizadas na trama.


Filme: O Salário do Medo
Direção: Julien Leclercq
Ano: 2024
Gênero: Ação/Aventura/Drama
Nota: 7/10