O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid Foto / Companhia das Letras

O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid

Décimo primeiro livro (11º) lido em 2024: “O Último Homem Branco”, do paquistanês Mohsin Hamid. Ao despertar em uma manhã, Anders, originalmente de pele clara, acordou para uma realidade inesperada: sua pele havia mudado para um tom marrom escuro incontestável. Esse surpreendente despertar marca o ponto de partida de uma narrativa kafkiana, na qual a transformação física do personagem serve como catalisador para uma profunda revisão de perspectivas. A alteração em sua aparência o conduz por um caminho de descobertas, revelando aspectos da vida e da sociedade que permaneciam ocultos aos seus olhos.

O Último Homem Branco
O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid (Companhia das Letras, 136 páginas)

O romance se aprofunda em um exame crítico e incisivo das dinâmicas políticas e sociais, explorando as complexidades da identidade racial e suas intersecções com questões de poder e estética. Com uma abordagem pontuada por um fino sarcasmo e combinada com crítica social, o enredo acompanha Anders e sua namorada Oona, enquanto eles navegam pelas consequências transformadoras de uma súbita mudança na cor da pele. A reviravolta não se limita aos protagonistas, mas se expande por toda a cidade, catalisando uma série de eventos que desencadeiam mudanças significativas e exacerbam as tensões raciais, refletindo assim sobre a fragilidade e volatilidade das relações sociais.

Mohsin Hamid, em uma abordagem alegórica, questiona como mudanças podem redefinir radicalmente a identidade e a vida das pessoas. Aclamado pela “New Yorker” como um dos melhores livros de 2022, o romance estabelece um diálogo com obras icônicas como “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago e “A Metamorfose”, de Franz Kafka, explorando o surreal e o impacto profundo de eventos extraordinários na existência humana.

Embora a obra oscile entre a literatura e o manifesto político, revelando as convicções do autor, sua narrativa envolvente e provocativa faz dela uma leitura essencial para aqueles interessados em explorar as complexidades da identidade, do poder e da alteridade.


Livro: O Último Homem Branco
Autor: Mohsin Hamid
Tradução: José Geraldo Couto
Páginas: 136 páginas
Editora: Companhia das Letras
Nota: 8/10