Comédia com Bradley Cooper e Kristen Bell na Netflix é o remédio certo contra o mau humor e as preocupações Jeffrey Reed / Open Road Films

Comédia com Bradley Cooper e Kristen Bell na Netflix é o remédio certo contra o mau humor e as preocupações

O amor é cego, absurdo, suspeito, tolo, mas cheio de boas intenções. Essa é a ideia que resiste ao termo de cem minutos de “Relação Explosiva”, uma comédia nada romântica em que um ex-criminoso que tenta se emendar parece tentado a reviver os dias de delinquência, ainda que conte com a ajuda de uma profissional especializada em medidas que refutem a violência.

David Palmer e Dax Shepard reúnem personagens insanos numa trama à primeira vista monótona que deriva para uma longa perseguição com direito a um investigador estabanado, um homem que não supera a rejeição por ter sido trocado e um policial gay e ávido por sexo com desconhecidos, além de um carrão sempre roubando a cena. Shepard corta um dobrado para encaixar tudo num único roteiro, mas vale a pena: seu filme é mesmo quase bombástico.

Yul Perkins era um dos malandros mais perigosos do norte da Califórnia, mas depois de cumprir pena conseguiu a liberdade provisória mediante a delação de antigos companheiros, o que valeu-lhe uma sentença de morte entre os bandidos e a mudança de identidade, um castigo pior que o outro. Agora, ele se chama Charlie Bronson (!), como o divo dos thrillers de ação de não muito tempo atrás, e tem conseguido se manter longe de encrenca, até Annie Bean, a namorada, receber uma tentadora proposta de emprego. O próprio Shepard encarna Yul/Charlie concentrando-se em aspectos um tanto subjetivos para reforçar o temperamento natural de seu anti-herói, a exemplo do desejo velado de socar todo mundo, a começar pelo homem encarregado pela polícia para tomar conta dele, não por acaso seu vizinho.

Annie, de Kristen Bell, professora de sociologia na escola fundamental comandada por Debby Kreeger, decide aceitar a nova empreitada movida pelo estímulo da personagem de Kristin Chenoweth, que sempre a julgara um desperdício alguém com mestrado em resolução não-violenta de conflitos desperdiçar a vida dando aula para adolescentes caipiras e grosseiros, eternos perdedores — e nada abalados com isso, pelo contrário. Ela transmite a notícia a Charlie, e então irrompe o martírio dele. 

Os diretores entremeiam passagens hilariantes como a de Randy Anderson, o agente que supervisiona o caso de Charlie interpretado com fôlego por Tom Arnold em agonia para segurar o próprio carro depois de tê-lo esquecido no ponto morto, a lances de tensão iminente, primeiro com Gil Rathbinn, de Michael Rosenbaum, o ex-namorado de Annie, que fareja o perigo que a moça ao lado do ex-aspirante a gângster — é ele, quem descobre o nome de registro de Charlie — e Alex Dmitri, o mafioso de Bradley Cooper. Jess Rowland como Terry, o irmão de Gil, joga um pouco mais de insânia à trama encarnando o policial gay e nada discreto, mas o Lincoln Continental 1967 preto de Charlie, definitivamente, é a grande estrela aqui.


Filme: Relação Explosiva
Direção: David Palmer e Dax Shepard
Ano: 2012
Gêneros: Comédia/Ação
Nota: 8/10