Na Netflix, o filme  que todo mundo deveria assistir para acalmar o espírito e perceber que o amor promove milagres Divulgação / Vision Films

Na Netflix, o filme que todo mundo deveria assistir para acalmar o espírito e perceber que o amor promove milagres

O cinema tem sido historicamente um espelho da sociedade, refletindo nossas complexidades, aspirações e, por vezes, nossos conflitos internos. Neste contexto, “O Que de Verdade Importa”, dirigido pelo talentoso Paco Arango, emerge como uma obra que não só segue essa tradição, mas também a reinventa. Este filme se apropria do arquétipo do protagonista charmoso e enigmático, uma figura que caminha pelas sombras da vida, exalando uma mistura de desencanto e nobreza.

Aqui, a sombra de Paul Newman, um ícone do cinema, é invocada, embora sua presença física seja ausente. Newman, conhecido por seus papéis em filmes como “O Indomado”, “Rebeldia Indomável” e “O Indomável – Assim É Minha Vida”, é homenageado de forma sutil e inteligente, com Arango traçando paralelos entre a liberdade e a nobreza de espírito que Newman representava, tanto em suas atuações quanto em sua vida pessoal. Este tributo é tecido de maneira a não ofuscar a narrativa principal, mas a enriquecer, proporcionando uma camada adicional de significado para os espectadores familiarizados com a filmografia de Newman.

A narrativa se inicia com Alec Bailey, um personagem interpretado com maestria por Oliver Jackson-Cohen. Alec é um engenheiro eletrônico cuja vida é uma montanha-russa de desafios cotidianos e contratempos inesperados. Seu mundo é uma tapeçaria de pequenos trabalhos e interações diárias, onde ele se vê constantemente em situações inusitadas, como perder um pé de sapato em um trabalho.

Este início modesto serve como um prelúdio para a jornada de transformação que Alec enfrentará. A narrativa de Arango habilmente estabelece Alec como um homem comum, tornando sua evolução subsequente mais impactante e relacionável. O personagem de Alec é um mosaico de humanidade, imperfeições e um desejo latente por algo mais, aspectos que Jackson-Cohen captura com uma performance nuançada e sensível.

A reviravolta na vida de Alec ocorre de maneira inesperada, mas crível. Um tio distante, interpretado com a habitual finesse por Jonathan Pryce, oferece a Alec uma saída para suas dívidas acumuladas, que somam quase noventa mil libras. A condição imposta é a mudança para Lunenburg, na Nova Escócia, uma decisão que requer de Alec não apenas uma mudança física, mas também emocional e espiritual.

Essa proposta é um ponto de inflexão no filme, onde o diretor Arango habilmente coloca seu personagem principal em um cenário completamente novo, rico em possibilidades. O contraste entre a vida caótica de Alec em Londres e a simplicidade rústica de Lunenburg serve como um pano de fundo para sua transformação interna, um tema central na narrativa.

Em Lunenburg, Alec encontra um novo começo e uma série de personagens intrigantes. A relação entre Alec e Cecilia, uma veterinária interpretada com uma mistura de força e vulnerabilidade por Camilla Luddington, evolui de uma amizade para um amor romântico profundo.

Essa evolução é cuidadosamente construída, permitindo que os espectadores se envolvam emocionalmente com os personagens. Paralelamente, a interação de Alec com Abigail, uma jovem enfrentando um câncer terminal, vivida de forma tocante por Kaitlyn Bernard, adiciona uma camada de profundidade emocional ao filme. Estas relações humanizam Alec e servem como catalisadores para sua transformação pessoal.


Filme: O Que de Verdade Importa
Direção: Paco Arango
Ano: 2016
Gêneros: Drama/Romance
Nota: 8/10