Obra-prima que levou Oscar por atuação brilhante de Jack Nicholson está no Prime Video Divulgação / TriStar Pictures

Obra-prima que levou Oscar por atuação brilhante de Jack Nicholson está no Prime Video

Jack Nicholson é uma lenda! Conhecido principalmente por “O Iluminado” (1980), “Chinatown” (1974) e “Batman” (1989), no qual interpretou Coringa, o ator foi premiado três vezes com a estatueta do Oscar, sendo em “Um Estranho no Ninho” (1976) e “Melhor é Impossível” (1998) como melhor ator, e em “Laços de Ternura” (1984) como ator coadjuvante. Não são muitos com o mesmo prestígio. E, na verdade, ele merecia muito mais.

Hoje, aos 86 anos, Nicholson vive recluso. Sua primeira aparição em dois anos foi recente, em um jogo do Lakers, na companhia do filho caçula Ray. Já há 13 anos sem atuar, o aposentado mas não esquecido Jack continua sendo assistido e admirado em suas obras imortais. “Os Infiltrados” (2007), “Antes de Partir” (2006), “As Confissões de Schmidt” (2002)… muitos destes continuam a figurar nossas listas de filmes favoritos. Mas não desanimem, há previsão de que ele ainda faça uma aparição especial na minissérie de Stanley Kubrick assumida por Steven Spielberg para a HBO, “Napoleão”.

Recentemente revi “Melhor é Impossível”, produção de 1997 de James L. Brooks coescrito com Mark Andrus. Nicholson interpreta um papel bastante peculiar. Na verdade, tão peculiar que o ator ficou inseguro quanto à reação do público em relação ao seu personagem. Isso, porque Melvin, o escritor a quem ele interpreta, é um sujeito extremamente desagradável.  Impossível prever como seria a aceitação do filme nos dias atuais, já que os tempos mudaram. Mas na época também não foi nada fácil para Nicholson proferir algumas das falas racistas, xenófobas e homofóbicas de seu personagem de temperamento cáustico, um morador de Nova York pouco simpático e que convive com alguns problemas psicológicos. Misantropo, com transtorno obsessivo-compulsivo e Tourette, ele não consegue filtrar o que sai de seu cérebro para sua boca e tem o impulso de dizer coisas extremamente detestáveis para as pessoas. Ele ainda evita tocar em corrimões e maçanetas sem auxílio de um lenço, comer com talheres que não sejam descartáveis, pisar em linhas, dentre outras “manias”.

Sua condição o torna odiado por todos os vizinhos e uma presença nada querida em Greenwich Village, especialmente no restaurante que costuma comer todos os dias. No local, ele é atendido sempre pela mesma garçonete, Carol (Helen Hunt), uma mãe solteira e sobrecarregada, que conta apenas com a ajuda de sua mãe Beverly (Shirley Knight) para tomar conta do pequeno e frágil Spencer (Jesse James), seu filho asmático e alérgico.

Quando a saúde do menino se deteriora, Carol para de ir ao trabalho, provocando um inconveniente na rotina metódica de Melvin. Então, ele, que é um renomado autor de best-sellers, contrata um médico particular para cuidar da saúde do garoto para que a garçonete possa retornar ao serviço. Enquanto isso, o vizinho de Melvin, o artista plástico Simon Bishop (Greg Kinnear), é assaltado e espancado em seu apartamento. Obrigado a ficar de repouso por conta de saúde, Melvin é ameaçado pelo namorado do vizinho, Frank Sachs (Cuba Gooding Jr.), para cuidar de seu cachorro Verdell.

Melvin odeia Verdell e já chegou a tentar eliminá-lo pela gaveta do lixo. Agora, dividindo seu apartamento com o pequeno peludo, ele começa a se apegar à criaturinha, que também corresponde à afeição, adquirindo com o tempo a mesma personalidade sistemática de Melvin. Ainda em recuperação do baque físico e emocional, Simon é informado por sua assistente que está financeiramente falido e prestes a perder o imóvel onde mora. Então, Frank novamente ameaça Melvin para que ele leve Simon até a cidade dos pais para pedir dinheiro emprestado à família. Melvin pede para que Carol o recompense pelo médico que cuidou de seu filho e os acompanhem na viagem. O trio parte para o interior e tem oportunidade de trocar vivências e delinear uma amizade. Os dias também acabam por aproximar Melvin romanticamente de Carol e ajudar Simon a enfrentar um trauma do passado.

Na jornada deste herói incomum e intragável, acompanhamos a evolução emocional e moral de Melvin, alguém cuja personalidade imperfeita podemos facilmente relacionar com alguém da vida real. Suas amizades tardias dessintonizam sua antena antiquada para a vida e o renovam  como homem. É o pequenino e felpudo Verdell, o vizinho homossexual no qual enxotou tantas vezes e a única garçonete que o suportou durante anos que se tornam sua janela para um novo mundo onde é bom ter amigos. Com atuações experientes e encantadoras, “Melhor é Impossível” nos faz sentir saudades de quando as comédias tinham qualidade suficiente para competir no Oscar.


Filme: Melhor é Impossível
Direção: James L. Brooks
Ano: 1997
Gênero: Comédia / Romance
Nota: 9/10