A atuação elegante e genial de Benicio Del Toro em filmaço que acaba de estrear na Netflix Divulgação / Netflix

A atuação elegante e genial de Benicio Del Toro em filmaço que acaba de estrear na Netflix

Thriller protagonizado por ninguém menos que o ganhador do Oscar Benicio Del Toro, “Camaleões” é dirigido pelo estreante Grant Singer e tem roteiro com contribuições do próprio Del Toro e Benjamin Brewer. O suspense coloca o detetive Tom Nichols (Del Toro) no centro das investigações do assassinato de uma corretora imobiliária.

A vítima é Summer (Matilda Lutz), namorada de Will Grady (Justin Timberlake), herdeiro da empresa na qual ela trabalha. Antes de ela ser morta, os dois viviam um romance morno, enquanto Summer ainda se encontrava às escondidas com o ex-marido, Sam Gifford (Karl Glusman). Além de Grady e Gifford, Nichols tem um terceiro suspeito: Eli Phillips (Michael Pitt), um homem que foi obrigado a vender sua propriedade para a empresa em que a vítima trabalhava e buscava por vingança.

A teia do crime se revela cada vez mais intricada conforme Nichols segue as pistas. Elas vão conduzindo a uma conspiração muito maior, que envolve tráfico de drogas e corrupção policial. No meio desta trama cheia de reviravoltas, ninguém parece inocente. Nichols terá de demonstrar uma resistência a la Frank Serpico para ir a fundo em suas investigações.

A atuação de Del Toro, que está sempre excepcional em seus papeis, é de um herói que tem sua própria ética e moralidade, mas não deixa com que ela atravesse suas relações com os companheiros de profissão. No entanto, todo homem tem seus limites e Nichols sabe exatamente quando deve estabelecê-los. Em certos momentos, o personagem está tão imerso em seus próprios pensamentos que o mundo parece ecoar à distância, do lado de fora da sua caixa craniana. Nós, espectadores, não podemos ouvir sua mente, mas nos sentimos zonzos junto com ele, que parece mergulhado em psicodelias, paranoias e neuroses que às vezes lhe dão os palpites certeiros.

Para Singer, sua experiência em videoclipes musicais o deu um estilo rítmico e propulsivo, demonstrado neste longa-metragem. Além disso, seu gosto por filmes como “Um Corpo que Cai”, “A Sangue Frio” e “Zodíaco” o fizeram absorver um pouco da experiência em obras policiais e de suspense. Seu primeiro contato com Del Toro foi facilitado pelos produtores Molly Smith e Black Label, que haviam trabalhado com o ator em “Sicario”. Foram os produtores que também conseguiram a parceria com a Netflix.

Com ajuda do diretor de fotografia, Mike Gioulakis, Siger decidiu usar a técnica film box, que permite com que as imagens tenham mais textura. Isso, porque eles queriam que o longa-metragem tivesse uma estética levemente setentista e pitoresca. Singer, ainda, contou que usou apenas uma câmera durante as cenas, com exceção do jantar no início do filme, em que três câmeras foram utilizadas.

“Camaleões” carrega uma aura noir, que ganha mais elegância à medida em que a atuação de Del Toro se desenrola na frente das câmeras. Embora não ofereça um enredo exatamente inovador, apesar de o espectador se surpreender com algumas decisões do roteiro, as influências de Singer o auxiliaram a encontrar o tom clássico e requintado para desenvolver seu primeiro longa-metragem. O filme representa um excelente começo para o cineasta, que já entrou no jogo com o artilheiro Del Toro.


Filme: Camaleões
Direção: Grant Singer
Ano: 2023
Gênero: Suspense/Policial
Nota: 9/10