Se agarre à poltrona: thriller com Tommy Lee Jones na Netflix vai tirar seu fôlego! Divulgação / Paramount Pictures

Se agarre à poltrona: thriller com Tommy Lee Jones na Netflix vai tirar seu fôlego!

O princípio “ne bis in idem” está previsto na quinta emenda da Lei Penal dos Estados Unidos e visa garantir que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime. A premissa já era usada na Grécia Antiga, quando a lei também proibia a condenação por duas vezes pela mesma ofensa. Algumas passagens bíblicas ainda dispõem de frases sobre Deus não julgar duas vezes pela mesma conduta. O assunto é tema polêmico no judicial americano.

É com base neste princípio que os roteiristas de “Risco Duplo”, David Weisberg e Douglas Cook, desenvolveram sua trama. Dirigido por Bruce Beresford, o mesmo de “Conduzindo Miss Daisy”, o longa tem Ashley Judd no papel principal, o de Libby Parsons, esposa de Nick (Bruce Greenwood), um comerciante de artes que vive uma vida aristocrática em uma mansão na costa de Seattle.

O casal decide fazer um passeio em seu iate e passam uma madrugada romântica no oceano. Na manhã seguinte, Libby acorda coberta de sangue. Enquanto segue os rastros vermelhos pelo chão, a cena chocante de um crime se forma diante de seus olhos. Quando ela sai no convés, vê pegadas ensanguentadas que indicam que a vítima, no caso Nick, que está desaparecido, saltou no mar.

A guarda-costeia surge em meio à neblina e ao frio e avista Libby segurando uma faca que encontrou no meio de seu trajeto no barco. Após ser resgatada da situação, Libby pede desesperadamente que Nick seja encontrado, mas a polícia está pessimista, afinal, a água é congelante o bastante para que seja impossível sobreviver por muito tempo à deriva no mar.

A experiência traumática se desenrola para algo ainda mais inacreditável: Libby é indiciada pela morte do marido, já que todas as evidências levam a polícia a acreditar que ela é a culpada pelo suposto homicídio. Condenada, ela passa anos em uma prisão, longe de seu filho Matty (Benjamin Weir), deixado sob os cuidados de sua melhor amiga, Angela (Annabeth Gish).

À princípio, Angela leva Matty para visitas regulares à mãe na prisão. Após um tempo ela desaparece e Libby fica um mês sem notícias do filho. É quando decide investigar, de dentro da própria cadeia, o paradeiro da criança. Ela descobre que Angela se mudou com Matty para São Francisco e, após uma ligação para a nova casa da amiga, se dá conta de que o falecido, Nick, está vivo. Não só isso, ele adotou outra identidade e vive com Angela e Matty como se fossem uma família.

Libby tenta alertar as autoridades sobre a fraude, mas ninguém acredita em uma condenada que tenta denunciar algo de dentro da cadeia. Então, ela descobre por meio de uma colega de prisão sobre o princípio legal “ne bis in idem” e decide que irá se vingar de Nick.

Por conta de seu bom comportamento, Libby é liberada seis anos após ser presa. Agora em uma liberdade limitada, ela precisa seguir estritamente as regras de seu agente de condicional, Travis (Tommy Lee Jones), para permanecer nas ruas. Mas com sua vingança em mente, Libby não se preocupa com as limitações impostas. Ela decide ir atrás de Nick para se vingar e recuperar seu filho. Enquanto isso, Travis está em uma caçada implacável à tutelada.

O enredo desenrola uma trama de reviravoltas, suspense e ação que desembocam em um desfecho previsível e conveniente. Na época de seu lançamento, “Risco Duplo” não foi bem-recebido pela crítica, que o chamou de “filme para arrecadar”. A atuação de Judd também foi reprovada, além dos diálogos considerados “pouco desenvolvidos” e “pouco inteligentes”, como citou o Washington Post. Apesar disso, a popularidade do longa-metragem foi inversa à da crítica. “Risco Duplo” sobreviveu à prova do tempo, mostrando que seu mistério instigante e que o talento de Tommy Lee Jones superaram os problemas apontados pelos especialistas. O filme até hoje é um dos thrillers de ação favorito dos espectadores e uma das produções mais assistidas da Netflix na atualidade.


Filme: Risco Duplo
Direção: Bruce Beresford
Ano: 1999
Gênero: Thriller/Suspense/Ação/Policial
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.