As mães nunca morrem. É por isso que sempre falamos nelas…

As mães nunca morrem. É por isso que sempre falamos nelas…

Na minha infância, adorava quando minha mãe contava como ela e meus tios preparavam o “trono da mamãe” para a minha avó. Na noite de véspera do Dia das Mães, eles pegavam uma cadeira com braços e a cobriam com a toalha de crochê da mesa da sala de jantar. Então, finalizavam a decoração da cadeira com flores, bilhetinhos e os presentes que eles tinham feito na escola.

Quando a vovó acordava cedinho no domingo, ela abria a porta de seu quarto e lá estava o trono à sua espera. Mais tarde, seus filhos se reuniam ao redor da cadeira e a minha avó ouvia, sentada como uma rainha, as vozes de suas crianças: “Minha mãezinha querida, mãezinha do coração. Te adorarei toda vida, com grande devoção…”.

Acho que essa história inspirou a mim e os meus irmãos a homenagearmos tantas vezes a nossa mãe. No Dia das Mães, levávamos o café da manhã na sua cama, antes dela acordar. Tinha suco, leite, pães, frutas, iogurte e o que mais encontrássemos na geladeira. Eram necessárias duas bandejas, e a família toda fazia piquenique na cama dos meus pais.

Contar e recontar histórias faz parte da nossa existência. Acontece que nem sempre as memórias que temos são feitas de amor, ternura e alegria. Há abandonos, indiferenças e mortes. Mães vão-se embora. Algumas partem muito cedo, outras, mesmo vivas, são ausentes.

Até que um dia, a vida dá o seu jeito e traz uma mãe a quem perdeu a sua. A avó ou a tia, até mesmo a irmã mais velha ou uma desconhecida tornam-se mães de coração aberto, com a mesma doçura e a pureza que têm os poetas.

Carlos Drummond de Andrade disse que “mãe, na sua graça, é eternidade”. Sim, mãe é a palavra mais bela. Mãe é caminho; colo que consola. Mãe é mão que segura; beijo que ameniza febre. Porque “mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada”. Mãe vela as noites mal dormidas para espantar a dor e a angústia do seu menino. Mãe chora junto.

Então os meninos — que somos nós — crescem. Os meninos ralam bastante os joelhos até aprenderem que cair faz parte do amadurecimento. Nos tornamos independentes. Resolvemos nossos problemas. Temos nossos segredos. Aguentamos nossas culpas e sofremos nossos arrependimentos.

No tempo que corre, vira e mexe relembramos a infância. Voltamos às nossas histórias de meninos e voltamos às nossas mães. Pode ser uma história alegre ou a ausência que aperta o peito; o poema que resistiu ao tempo ou a canção levada pelo vento. Podemos falar para o mundo ou somente para nós mesmos.

Não importa qual história você vai contar ou guardar para si. O que realmente importa é olhar para trás e compreender o presente, sentir a emoção e reviver sua mãe. Como o verso que diz: “se eu pudesse, eu queria outra vez, mamãe, começar tudo, tudo de novo”.