O problema fiscal

O problema fiscal

O mundo tem um grave problema fiscal. Não, leitora, o artigo não é sobre aumentar ou diminuir impostos. É problema fiscal mesmo. Gente que perde um tempo precioso fiscalizando pessoas, empresas e comerciais com a Elis Regina.

É uma mistura de arrogância com ignorância, coisa que tem tudo pra dar errado. A desinformação e o infantilismo adubam o autoritarismo e leva à sua versão ainda mais nefasta, o fascismo.

A grande mudança ocorrida nesse nosso século distópico e despótico é o isolamento de grupos sociais em bolhas incomunicáveis. Todo o resto é consequência. A divisão artificial e marqueteira em tribos antagônicas é muito boa para vendedores de tranqueiras. Mas quem compra bugigangas também compra ideias e, sem a possibilidade de confrontar suas opiniões com visões diferentes de mundo, acaba virando um fanático.

É por isso que a extrema-direita ressurgiu com tamanha força no mundo, mas ela é apenas um aspecto do “identitarismo”, que é o ato de colocar o interesse tribal acima do coletivo. Eu primeiro, depois minha turma, aí o meu grupo e, se sobrar espaço, o resto.

Daí as nossas discussões enviesadas sobre “limite do humor” e “limite da liberdade de expressão”. O problema está no “limite”. Quem limita? E com que autoridade?

Cresci durante a ditadura militar quando obras eram proibidas e humoristas acabavam na cadeia, então o debate me deixa exasperado. Essa deveria ser uma pauta coletiva, mas também foi capturada pelas “bolhas”. Democracia não é censurar quem não se gosta, mas sim defender até o discurso mais ofensivo e abjeto, inclusive por razões práticas. É melhor ter um Monark dizendo atrocidades no YouTube do que ter vários deles escondidos na DeepWeb. “Conheça o seu inimigo”, já ensinou Sun Tzu ou Vito Corleone, um dos dois.

É óbvio que os tecno-magnatas do Vale do Silício precisam ser responsabilizados pelo que divulgam. Primeiro porque essas empresas não são “tech”, mas sim conglomerados de mídia. Google, Facebook, Twitter, Tik Tok etc fazem montanhas de dinheiro com conteúdo. Se um jornal qualquer publica um artigo neonazista, ele será processado, certo? Por que isso deveria ser diferente no YouTube ou no Twitter?

O que não pode existir é censura prévia, que é sempre abominável venha do Judiciário, do Executivo ou do Legislativo. Essa é a linha a ser traçada e que nunca deveria ultrapassada.