Filme adorável na Netflix é uma lição para toda vida e vai deixar seu espírito mais leve Divulgação / Viacom Motion Pictures

Filme adorável na Netflix é uma lição para toda vida e vai deixar seu espírito mais leve

Shonali Bose é uma diretora indiana, que lançou seu primeiro filme “Amu” em 2005. Após quase dez anos de pré-produção, veio seu segundo longa-metragem, o romance “Margarita com Canudinho”, de 2014. Embora exista uma diferença entre os estilos de filmes, Bose garante que ambos são políticos. Além disso, os dois abordam relação de mãe e filha, tema caro para a diretora, que perdeu sua mãe aos 21 anos. Mas “Amu” é sobre as revoltas anti-sikh de 1984, que ocorreram após o assassinato da ministra Indira Gandhi. Já “Margarita com Canudinho” é uma história mais pessoal para Bose, que inspirou a protagonista Laila (Kalki Koechlin) em sua irmã, Malini.

Assim como Malini, Laila tem paralisia cerebral. Apesar de ter dificuldades em relação à fala e aos movimentos, ela é uma adolescente de 19 anos com os desejos e sonhos de uma garota qualquer. É importante para ela ser tratada pelas pessoas de fora de sua família exatamente como é tratada em casa: nada de especial. Laila não quer que sintam pena dela por suas limitações físicas. Ela estuda na Universidade de Delhi, onde escreve músicas para uma banda independente. Laila se torna muito próxima do vocalista, Nima (Tenzing Dalha), por quem se apaixona, mas o sentimento não é recíproco. De coração partido, Laila não quer mais frequentar as aulas.

Dizem que quando uma porta se fecha, é para que outras se abram. Para Laila, o fora que leva de Nima faz com que ela tente ingressar em uma universidade de Nova York. Aceita pela instituição e com uma bolsa de estudos, ela parte para os Estados Unidos acompanhada de sua mãe, Shubhangini (Revathi). Laila e a mãe tem um relacionamento bem próximo.  Shubhangini passa meses com a filha no apartamento em Manhattan durante o semestre letivo, até que a jovem se adapte.

Na faculdade, Laila conhece o estudante britânico Jared (William Moseley), por quem se sente imediatamente atraída, e se aproxima de Khanum (Sayani Gupta), uma garota cega. É importante lembrarmos que a protagonista tem apenas  19 anos e deseja todas as coisas que uma adolescente comum quer: bebidas, diversão, sexo e alguém que a ame. Bose e o co-diretor Nilesh Maniyar, exploram esse viés de descoberta e amadurecimento muito mais que a própria condição física da protagonista. A abordagem é um tanto quanto revigorante.

Laila acaba se envolvendo romanticamente com Khanun e se surpreendendo com a forma com que o amor chega em sua vida, já que ela não esperava ter uma relação com outra mulher. Além disso, Laila também começa a enfrentar dificuldades dentro de sua própria casa, quando sua mãe descobre o retorno de um câncer de útero, que já está em estágio avançado.

Todas essas situações da protagonista a farão enxergar a vida com muito mais coragem e menos autopiedade. Laila descobre que não é porque está em uma cadeira de rodas que não tem acesso ao amor. Talvez ela não tenha acesso ao andar de cima da universidade quando o elevador quebra, mas ao amor, todos temos. Não é sem dificuldades que ela enfrenta o fato de não conseguir andar, mas isso já é normal para Laila. O precioso deste filme é mostrar que, diferente do que imaginamos, seus maiores problemas são os que todos nós estamos sujeitos a lidar.


Filme: Margarita com Canudinho
Direção: Shonali Bose e Nilesh Maniyar
Ano: 2014
Gênero: Romance/Drama
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.