Filme de ação da Netflix vai tirar seu fôlego até a última cena Marcos Cruz / Netflix

Filme de ação da Netflix vai tirar seu fôlego até a última cena

Por muitos séculos, antes de Israel se tornar uma nação, judeus viviam itinerantes em busca da terra prometida por Deus. Escravizados, subjugados e chacinados em diversas ocasiões na história, grupos se espalharam por muitas partes do mundo em busca de um lar. Uma das comunidades mais isoladas, chamada de Beta-Israel, formada por judeus etíopes, vivia em campos de refugiados no Sudão em situações calamitosas e sendo exterminados por grupos paramilitares. A história do resgate de pelo menos 17 mil deles, por meio de uma operação incrível do Mossad, inspirou o filme “Missão no Mar Vermelho”.

O longa-metragem é ambientado entre os anos de 1979 e 1981 e fala da operação realizada um grupo de agentes bem treinados do Mossad, infiltrados no Sudão por meio de um complexo turístico às margens do Mar Vermelho, e que serviu de fachada para encobrir a ação de resgate de judeus africanos. O resort funcionou normalmente, recebeu hóspedes de todo o mundo e, inclusive, tinha panfleto sobre as maravilhas turísticas do lugar. Tudo era operado por soldados altamente preparados para matar. A missão era antigovernamental e estritamente secreta.

No filme escrito e dirigido por Gideon Raff (roteirista da bem-sucedida série de televisão “Homeland”), o protagonista inspirado no agente do Mossad Daniel Limor, é Ari Levinson (Chris Evans), que arquiteta o plano de resgate da comunidade judaica no Sudão. Com apoio do governo israelense e recrutando ex-colegas de confiança do Mossad, como Sammy (Alessandro Nivola), Rachel (Haley Bennett), Jake (Michiel Huisman) e Max (Alex Hassell), ele põe em prática a arriscada e ilegal missão, que consegue ser bem-sucedida e salvar milhares de pessoas.

Com muitas cenas de conflitos e fugas, o filme deixa o espectador apreensivo sempre que possível. Câmeras na mão do operador e cenas noturnas e escuras, em que o público sabe tão pouco quanto o personagem em cena sobre o que está acontecendo, reforça o clima de angústia e perigo.

Embora todo o plano pareça mirabolante demais, os legados mais brilhantes da história são feitos de planos malucos que acabaram dando certo, como podemos constatar em filmes como “Argo” e “A Lista de Schindler”. É preciso fé e ousadia para fazer o bem no mundo. O filme é interessante, porque conta sobre um evento histórico pouco disseminado, mas é pouco explorado em seus melhores ganchos de tensão, o que acabou rendendo críticas ao diretor, que foi tachado de “sem personalidade” por jornalistas de cinema.

Embora falte um pouco mais de dramaticidade, tenha o desenvolvimento embebido de clichês (que nem sempre são negativos) e reforce o complexo do salvador branco, o filme ganha o apoio de seu elenco inquestionavelmente talentoso. Além dos atores já citados, o filme também conta com o brilho de Michael Kenneth Williams, que é o que mais se destaca na performance durante todo a história. Também Ben Kingsley, que assim como Evans faz parte do universo cinematográfico da Marvel, e Greg Kinnear.

“Missão no Mar Vermelho” é um bom filme para conhecer um pouco de história, se entreter e apreciar boas atuações.


Filme: Missão no Mar Vermelho
Direção: Gideon Raff
Ano: 2019
Gênero: Espionagem/Thriller/Ação
Nota: 8/10