Filme com George Clooney e Catherine Zeta-Jones, na Netflix, vale cada milésimo de segundo do seu tempo Divulgação / Universal Pictures

Filme com George Clooney e Catherine Zeta-Jones, na Netflix, vale cada milésimo de segundo do seu tempo

Há quem se surpreenda que no meio da cinematografia de Joel e Ethan Coen, para além dos ardilosos dramas cheios de reviravoltas e que nos fazem refletir sobre como as mazelas da vida estão prontas para sabotar nossos planos, há uma comédia romântica “O Amor Custa Caro” com George Clooney e Catherine Zeta-Jones no auge de seus papeis em filmes mainstream. A atriz havia acabado de terminar as filmagens do premiado “Chicago”, quando se dedicou a este projeto em uma atuação inspirada em personagens de Katherine Hepburn.

Mas ao assistir “O Amor Custa Caro”, que tem roteiro de Robert Ramsey e Matt Stone, logo o espectador percebe que não é um romance comum, mas possui inúmeras nuances que o tornam um tanto quanto obscuro, característica dos Coen, que levaram mais de oito anos para adaptar o script ao seu modo. Antes de passar pelas mãos dos irmãos, o roteiro chegou para Ron Howard e, posteriormente, para Jonathan Demme, que queria Julia Roberts e Hugh Grant nos papeis principais.

Mas tudo se desenrolou para colocar os Coen na direção e o filme foi concebido logo após “O Homem que Não Estava Lá” e antes de “Matadores de Velhinhas”. O romance gira em torno do advogado especialista em divórcios Miles Masey (Clooney), e a interesseira Marilyn (Zeta-Jones), uma mulher que planeja seus casamentos com homens ricos para ‘depená-los’ na separação. Ela perde o processo contra o ex-marido Rex Rexroth (Edward Herrman), porque o advogado dele é Masey, simplesmente o melhor profissional do mercado na atualidade. Masey consegue provar no tribunal os planos diabólicos de Marilyn e expô-la como golpista. Pouco depois ela aparece no escritório dele para um acordo pré-nupcial de seu novo casamento com um herdeiro do petróleo, em que se propõe a abdicar de sua parte na fortuna. Isso faz com que o noivo dê seu voto de confiança em Marilyn e entregue todo seu patrimônio para ela no futuro divórcio. Para Masey, Marilyn é um gênio e sua vocação para o golpe o deixa, surpreendentemente, apaixonado. Após alguns breves encontros, ele decide pedi-la em casamento. O problema é que tudo pode ser um novo plano de Marilyn, já que Masey também é um homem bem-sucedido.

O que atrai os amantes é a capacidade de fazerem esquemas sujos para arrancar dinheiro das pessoas. Masey chega a contratar um matador para exterminar Marilyn, mas ela acaba dobrando a oferta do marido para que o assassino o mate, em vez disso. Um romance pouco ético, honesto ou confiável e completamente fora do padrão só poderia vir de mentes astuciosas como as dos irmãos Coen, que reforçam que nada é o que parece na superfície. Eles, inclusive, zombam da alta sociedade ao retratá-la como uma comunidade de homens abobalhados e facilmente enganáveis por mulheres ambiciosas e astutas. Zeta-Jones encarna uma mulher enigmática, sensual e com uma expressão quase triste, mostrando que, apesar de seus planos maquiavélicos, por dentro há uma pessoa solitária em busca de algo mais profundo para sua vida. Clooney interpreta um homem entusiasmado, apaixonado e dedicado em ser o melhor de seu ramo, mas que por vezes se deixa levar pela emoção.

“O Amor Custa Caro” foi o primeiro filme dos Coen a ser filmado completamente com equipamentos digitais e, apesar de seu romance sombrio, destoa da cinematografia geral dos irmãos e surpreende aqueles que estão esperando por alguma trama intricada e cheia de quebra-cabeças para serem solucionados. Um filme simples, divertido e bobinho para rir e descansar a mente.


Filme: O Amor Custa Caro
Direção: Joel e Ethan Coen
Ano: 2003
Gênero: Comédia / Romance
Nota: 7/10